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Guilherme d' Oliveira Martins: "Portugal não pode e não está a inverter o caminho"

A execução vai obrigar a um ajustamento permanente para não criar desequilíbrios na economia. A confiança internacional é essencial porque é do estrangeiro que poderá vir o investimento, refere Guilherme d' Oliveira Martins.

Cátia Barbosa
15 de Fevereiro de 2016 às 09:22
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Em entrevista ao Económico/ Antena 1, Guilherme d’Oliveira Martins aponta vários elementos positivos no Orçamento do Estado para 2016 mas salienta que há riscos importantes, sendo um deles a forma como os mercados nos olham, no seu entender com alguma injustiça.

O ex-presidente do Tribunal de Contas, refere que "em primeiro lugar, é importante reconstituir a procura interna, mas é indispensável que não vá gerar duas orientações perversas. Uma, é o desequilíbrio externo, designadamente o excesso de consumo através de produtos importados. A outra, é o endividamento. Temos de garantir que a procura interna seja uma procura sustentável e sustentada. Daí a preocupação de evitar o agravamento das desigualdades. O agravamento das desigualdades gera desequilíbrios macroeconómicos que levam à perversidade da própria evolução da procura interna".

Guilherme d’Oliveira Martins vai ainda mais longe e diz que o Orçamento não aposta só no consumo para dinamizar a economia mas que ficou agradado com a inscrição de "investimentos reprodutivos na área dos transportes, com a ideia de que sejam factores incentivadores da criação de riqueza. E também, por exemplo, o desenvolvimento do projecto de Sines. Nós vamos ter que nos ligar à Rede Europeia de Transportes. Isso está previsto". O jurista acrescenta que já não se trata de pensar numa rede como a antiga Alta Velocidade mas, sobretudo, numa "rede racional onde vamos ter maior ou menor velocidade consoante as circunstâncias – não teremos terceira travessia do Tejo e a rede ferroviária entrará em Lisboa numa velocidade reduzida – mas é indispensável que estejamos ligados à Europa de modo a, antes de mais, podermos ter ligação para Sines". Para o responsável "falar de Sines é falar de planeamento".

Na mesma entrevista, o jurista deixa ainda um apela à poupança já que considera que "estamos com um nível de poupança na economia que é manifestamente insuficiente. Cinco por cento de poupança é insuficiente. Os portugueses precisam de poupar mais".

 

Sobre o tema da Europa, "a construção europeia precisa de voltar a dar atenção à coesão social e não apenas à disciplina financeira e orçamental". E acrescenta que "a União Europeia será tanto mais forte e rica quanto encontrar outras parceiras fora dela. Hoje vive-se o drama dos refugiados. Não podemos deixar de dizer que a cooperação para o desenvolvimento é absolutamente fundamental. Nós evitamos a catástrofe dos refugiados investindo nos locais donde eles provêm".

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