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Guerra entre economistas: Reinhart e Rogoff acusam Krugman de ser "pouco cívico"

No seguimento das criticas feitas pelo Nobel da Economia, Keneth Rogoff e Carmen Reinhart decidiram escrever-lhe uma carta onde rebatem as críticas sobre o seu trabalho. “Admiramos o seu trabalho académico, que nos influenciou. Por isso, estamos decepcionados com o seu comportamento pouco cívico nas últimas semanas”, assinalaram os economistas de Harvard.

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27 de Maio de 2013 às 13:19
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O duelo entre Krugman e Rogoff - Reinhart tem tomado proporções semelhantes a outros que ocorreram no passado, como os de Keynes e Hayek, no período entre guerras, ou Galbraith e Friedman, na segunda metade do século XX.

 

Keneth Rogoff e Carmen Reinhart acusam Krugman de um “exagero selvagem” na interpretação do seu trabalho, acrescentando que o impacto que este tem na economia é “selectivo e superficial”. Acrescentam, ainda, que a maneira como a questão está a ser colocada é “profundamente enganadora sobre a origem dos problemas”.

 

A investigação de Rogoff e Reinhartt defende que “quando um país que tem gerado um grande défice já não é capaz de pedir mais dinheiro emprestado, é sempre necessário uma medida de ajuste”. Por isso, os economistas de Harvard associam os altos níveis de endividamento ao baixo crescimento, concluindo que um nível de dívida superior a 90% do PIB provoca uma desaceleração da economia.

 

Krugman não tardou um qualificar o trabalho dos economistas como um “pecado analítico”. “Há uma enorme diferença entre afirmar que os países com uma dívida superior a 90% do PIB tendem a ter um crescimento mais lento que os países com uma dívida inferior a 90%”. Para Krugman, o raciocínio estaria correcto, caso não apresentasse uma percentagem, que, segundo o Nobel, é algo que ainda não está provado. O Nobel acusa os economistas de “não terem feito um esforço para corrigir o erro, e caso alguma vez o tenham reconhecido, terem dito que se tratava de um mal entendido, e terem-no feito em voz baixa”.

 

Keneth Rogoff e Carmen Reinhart rebateram as acusações explicando que Krugman “tem o desejo de culpar o nosso trabalho de 2010 para justificar os erros de alguns políticos que não reconhecem uma realidade básica: nós apoiamos diferentes políticas. Qualquer um com experiência nestes temas sabe que os políticos podem moldar qualquer artigo aos seus interesses”.

 

Desde a descoberta do erro na fórmula em que assentava o estudo de Rogoff e Reinhart, que sustenta muitas das políticas de austeridade que têm sido implementadas por vários países, que os dois economistas têm sido duramente criticados, especialmente pelos descendentes da escola keynesiana.

 

Krugman, Nobel da Economia, apontou o dedo aos decisores políticos por aceitarem indubitavelmente estudos como os dos dois economistas. Questionou ainda, retoricamente, se o estudo poderia ter “destruído quase por completo a economia do ocidente”, noticiou o “El País”.

 

“Devemos situar o fiasco de Reinhart e Rogoff no contexto mais amplo da obsessão pela austeridade: o evidente desejo dos legisladores, políticos e peritos de todo o mundo ocidental em contornarem o problema do desemprego e, como troca, utilizar a crise económica como desculpa para reduzir drasticamente os programas sociais”, afirma Krugman num artigo de opinião no “El País” – “A depressão do Excel”.

 

Segundo Krugman nenhum economista conseguiu replicar os resultados dos economistas de Harvard. Os estudos semelhantes apontaram para uma “certa relação” entre uma dívida elevada e um crescimento lento, “mas nada que se parecesse” com o ponto de viragem de 90%, nem “com nenhum valor concreto de dívida”.

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