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Governo declara calamidade pública em todos os distritos a Norte do Tejo

António Costa reafirmou a confiança política na ministra da Administração Interna e disse que situações como a deste domingo ou de há quatro meses em Pedrógão se tenderão a repetir, porque é um problema de "décadas."

Pedro Catarino/Correio da Manhã
16 de Outubro de 2017 às 02:34
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O primeiro-ministro anunciou esta segunda-feira a assinatura da declaração de calamidade pública nos distritos a norte do rio Tejo na sequência dos 523 incêndios registados este domingo e que já causaram pelo menos seis mortes e mais de duas dezenas de feridos.

A decisão, explicou António Costa esta madrugada em declarações aos jornalistas no final de uma reunião de emergência de quase hora e meia na sede da Autoridade Nacional de Protecção Civil, pretende criar condições de mobilização de meios numa altura em que se antecipa que esta segunda-feira seja um dia igualmente "difícil" para o combate aos incêndios, como foi este domingo.

Com a declaração de calamidade pública, os bombeiros voluntários terão assegurada a justificação das faltas nos locais trabalho e o direito a dois dias de descanso por cada dia de trabalho no combate aos incêndios, explicou.

O chefe do Governo atribuiu o elevado número de ignições deste dia à acumulação de material combustível ao longo de quase uma década com baixo nível de incêndios, ao segundo ano consecutivo de seca severa e às elevadas temperaturas e vento forte, além da identificação de um número maior de suspeitos de crime de incêndio.

António Costa lamentou que os dez anos desde a reforma da Protecção Civil não tivessem sido aproveitados para fazer a reforma da floresta - a que está em curso deverá durar uma década, antecipou  - e disse que incêndios com as características dos deste ano tenderão a voltar a acontecer nos próximos.

"Seguramente se vai repetir. Se os senhores julgam que há alguma solução mágica para que se faça reforma da floresta, estão completamente enganados, e não vale a pena tentar convencer os portugueses que se vai resolver rapidamente um problema que se formou ao longo de décadas," afirmou.

Ao longo de quase 20 minutos de respostas aos jornalistas - durante os quais se mostrou visivelmente irritado com algumas perguntas sobre a implementação da reforma da floresta -, António Costa reafirmou a confiança na ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa e considerou "infantil" a ideia de que as consequências políticas se tiram com a demissão de ministros.

"O que os portugueses querem é uma atitude madura. Os portugueses são adultos, sabem bem que os governos não têm varinhas mágicas," disse.

No final, António Costa comentou ainda as palavras do secretário de Estado da Administração Interna, Jorge Gomes, que este domingo defendeu que as comunidades têm de ser "proactivas e não ficarmos todos à espera que apareçam os nossos bombeiros ou que apareçam os aviões para nos resolver o problema". 

"O que o secretário de Estado apelou a todos é que todos devemos procurar evitar qualquer comportamento que coloque risco, adoptar medidas de autoprotecção e procurar ajudar os outros se for preciso," concluiu.

(Notícia actualizada às 3:18 com mais informação)
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