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Gabriel Leite Mota: "Felicidade na gestão é como uma tecnologia de ponta"
"A verdade é que a grande maioria das empresas portuguesas são de pequena ou pequeníssima dimensão e estão inseridas em sectores básicos (quer da indústria, quer de serviços) onde o despertar para a importância da felicidade organizacional ainda não se deu (e talvez dificilmente se dê)", diz Gabriel Leite Mota, docente e investigador universitário, doutorado em Economia da Felicidade.
Qual a importância da felicidade na gestão das empresas?
A questão da felicidade nas empresas pode ser analisada segundo dois prismas: com carácter instrumental na maximização da produtividade laboral ou como um valor intrínseco que a organização decide promover. No primeiro caso, ter colaboradores mais felizes costuma corresponder (há evidência científica a suportar esta hipótese) a aumentos na produtividade do trabalho. No segundo caso, a felicidade é promovida porque se sente que o trabalho é uma das componentes fundamentais da vida em sociedade e que o espaço onde ele é executado (a empresa) tem de ter em atenção os factores que propiciam o bem-estar.
Como é que as empresas portuguesas comparam a nível internacional?
O olhar cuidado para os problemas da felicidade na gestão é um assunto recente, como que uma tecnologia de ponta e, como tal, ainda não está massivamente disseminado. É, então, natural que, como noutras áreas de ponta, Portugal esteja atrasado neste processo. A verdade é que a grande maioria das empresas portuguesas são de pequena ou pequeníssima dimensão e estão inseridas em sectores básicos (quer da indústria, quer de serviços) onde o despertar para a importância da felicidade organizacional ainda não se deu (e talvez dificilmente se dê).
O que pode ser feito por parte dos gestores para aumentarem a felicidade dentro da empresa?
Actualmente já há um vasto corpo de evidência empírica produzida pela Psicologia, Economia e Gestão que podem ajudar um gestor a implementar políticas de felicidade na sua organização. Hoje já se sabe que o ser humano está longe de ser movido apenas por incentivos monetários e que os determinantes de um ambiente de trabalho feliz vão muito para além das condições materiais. Assim, para além de salários adequados, os colaboradores necessitam da relacionamentos interpessoais de qualidade, de projectos desafiantes e autonomia, de alguma estabilidade laboral, de espaço para as suas ideias e opiniões e da possibilidade de crescimento dentro da organização.