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Falhou acordo para tratado comercial EUA-União Europeia

As conversações entre as autoridades europeias e norte-americanas para implementar o Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP, na sigla inglesa), que criaria um espaço de comércio livre entre os dois blocos económicos mundiais, falharam.

Negócios 28 de Agosto de 2016 às 17:01
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As conversações entre as autoridades europeias e norte-americanas para implementar o Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP, na sigla inglesa), que criaria um espaço de comércio livre entre os dois blocos económicos mundiais, falhou.

A notícia foi avançada pelo vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel (na foto), em declarações à cadeia alemã de televisão ZDF.

"Na minha opinião, as negociações com os Estados Unidos falharam de facto, embora ninguém queira admiti-lo. (...) As coisas não estão a mover-se nessa frente," admitiu Gabriel.

"As negociações com os EUA falharam de facto porque nós, europeus, não nos queremos submeter às exigências americanas", afirmou o número dois de Angela Merkel, citado pela agência Reuters.

As conversações entre os dois lados tiveram em Julho passado a sua 14.ª ronda, a terceira no espaço de seis meses, numa altura em que crescia o cepticismo quanto ao alcance de um entendimento.

Dois meses antes, a imprensa avançava que o presidente francês, François Hollande, ter-se-ia oposto a um acordo que na prática, no que diz respeito em particular à agricultura e à cultura, beneficiava os norte-americanos em detrimento dos europeus.

"Nunca aceitaremos que se questionem princípios essenciais da nossa agricultura, da nossa cultura e pela reciprocidade do acesso aos mercados. (...) Nesta fase (das negociações), França diz 'não'", terá afirmado num encontro com políticos da ala esquerda, em Paris. 

As negociações entre os dois blocos prolongam-se há três anos e, pese embora o cepticismo do lado dos Europeus, os EUA mantinham-se ainda no início do verão optimistas no alcance de um acordo. 

A implementação do TTIP deverá ter em Portugal um efeito positivo de entre 0,4% e 0,8% do PIB até 2030, de acordo com estimativas de estudos realizados pela consultora Ecorys e pelo ‘think tank’ britânico CEPR.

Em Maio passado, em entrevista ao Negócios, a secretária de Estado dos Assuntos Europeus, Margarida Marques, lamentava o tom proteccionista, parcial e pouco ambicioso de Washington:

"O que nos deixa mais apreensivos é a falta de ambição. Ou seja, as ofertas que têm sido feitas da parte dos EUA são pouco ambiciosas. São ainda medidas proteccionistas, designadamente na área dos mercados públicos que não satisfazem a ambição europeia. Por outro lado, temos outra preocupação: que em determinadas áreas, o acordo que venha a ser estabelecido com o governo federal não se aplique em todos os Estados [dos EUA]. A nossa preocupação está fundamentalmente aí," referia.

Outra das divergências prendia-se com a proposta de arbitragem de conflitos resultantes da aplicação do tratado, com os EUA a tentarem introduzir um modelo diferente do que é tradição na Europa. "Não corresponde aos nossos princípios, é uma forma de justiça que não é independente," considerava na altura Margarida Marques.

Das partes exteriores às negociações, a tentativa de acordo foi fortemente criticada pela falta de transparência, nomeadamente do lado dos EUA. 

(Notícia actualizada às 17:31 com mais informação)

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