Notícia
Exportações incapazes de compensar quebra interna
O antigo ministro da Economia Augusto Mateus defendeu ontem que as exportações portuguesas vão crescer de forma robusta em 2011.
15 de Dezembro de 2010 às 00:01
Apesar de o ano ser negro para a economia nacional, o economista afirmou mesmo que estas podem crescer "mais do que o esperado" pelo próprio Governo - ou seja, acima dos 7,3% que constam do Orçamento do Estado.
Esta alavanca não será, contudo, suficiente para permitir a Portugal evitar a recessão. Para Augusto Mateus, o plano de consolidação orçamental deve colocar o Produto Interno Bruto (PIB) a recuar cerca de 1% em 2011, fruto da queda conjunta do consumo privado, consumo público e investimento. "Não é possível que as exportações compensem o ajustamento da procura interna", disse, contrariando as expectativas do presidente da AICEP, Basílio Horta (ver texto à esquerda).
Maior problema é o investimento
Por agora, o maior problema é a quebra do investimento. Augusto Mateus lembrou que o investimento que se registou em 2009 foi apenas 2/3 do volume de 2000 e que este continuou a cair ao longo deste ano. "É o mais preocupante", afirmou.
As contas públicas também são um problema grave, tanto mais que não houve consolidação orçamental este ano - sem medidas extraordinárias, disse Mateus, o défice teria sido superior aos 9,3% do ano passado. "A execução de 2010 foi pior do que a de 2009", afirmou o antigo ministro.
Agora, e com a necessidade de correr "atrás do prejuízo" - ou seja, reduzir o défice para 4,6% partindo de uma fasquia mais alta -, o antigo ministro não exclui riscos de instabilidade social. E deixa a mensagem: "Confude-se fazer sacrifícios com sair da crise. Sair da crise implica fazer sacrifícios, mas fazer sacrifícios não implica sair da crise".
Mateus não concorda, contudo, com a ideia de que Portugal compare de forma muito desfavorável com as restantes economias sob a mira dos mercados financeiros. Ao contrário da Irlanda e Espanha, não teve uma bolha imobiliária, nem tem os problemas de competitividade da Grécia. "Não temos nenhum desequilíbrio fortíssimo. Mas o nosso 'prato' tem os "temperos' todos".
A pesar de tudo, Mateus não acredita que os desequilíbrios da periferia levem ao fim do euro. "Não creio na fragmentação do euro", disse. Defendeu, contudo, que manter a moeda única vai obrigar a um esforço conjunto para manter a robustez das contas públicas e evitar grandes diferenciais de competitividade.
Esta alavanca não será, contudo, suficiente para permitir a Portugal evitar a recessão. Para Augusto Mateus, o plano de consolidação orçamental deve colocar o Produto Interno Bruto (PIB) a recuar cerca de 1% em 2011, fruto da queda conjunta do consumo privado, consumo público e investimento. "Não é possível que as exportações compensem o ajustamento da procura interna", disse, contrariando as expectativas do presidente da AICEP, Basílio Horta (ver texto à esquerda).
Por agora, o maior problema é a quebra do investimento. Augusto Mateus lembrou que o investimento que se registou em 2009 foi apenas 2/3 do volume de 2000 e que este continuou a cair ao longo deste ano. "É o mais preocupante", afirmou.
As contas públicas também são um problema grave, tanto mais que não houve consolidação orçamental este ano - sem medidas extraordinárias, disse Mateus, o défice teria sido superior aos 9,3% do ano passado. "A execução de 2010 foi pior do que a de 2009", afirmou o antigo ministro.
Agora, e com a necessidade de correr "atrás do prejuízo" - ou seja, reduzir o défice para 4,6% partindo de uma fasquia mais alta -, o antigo ministro não exclui riscos de instabilidade social. E deixa a mensagem: "Confude-se fazer sacrifícios com sair da crise. Sair da crise implica fazer sacrifícios, mas fazer sacrifícios não implica sair da crise".
Mateus não concorda, contudo, com a ideia de que Portugal compare de forma muito desfavorável com as restantes economias sob a mira dos mercados financeiros. Ao contrário da Irlanda e Espanha, não teve uma bolha imobiliária, nem tem os problemas de competitividade da Grécia. "Não temos nenhum desequilíbrio fortíssimo. Mas o nosso 'prato' tem os "temperos' todos".
A pesar de tudo, Mateus não acredita que os desequilíbrios da periferia levem ao fim do euro. "Não creio na fragmentação do euro", disse. Defendeu, contudo, que manter a moeda única vai obrigar a um esforço conjunto para manter a robustez das contas públicas e evitar grandes diferenciais de competitividade.