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Estudo: 88% dos portugueses acreditam que há corrupção no Governo

Quase nove em cada 10 portugueses acredita que existe corrupção no seio do Governo e 41% crê que a corrupção aumentou nos últimos 12 meses, aponta um estudo da Transparency International.

15 de Junho de 2021 às 06:46
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Para 88% dos portugueses existe corrupção dentro do Governo, revela o Global Corruption Barometer divulgado esta terça-feira pela Transparency International (TI). O estudo aponta que a nível da Europa a corrupção é "um tema central nas preocupações" dos cidadãos.

O relatório baseia-se em inquéritos junto de mais de 40 mil pessoas em 27 países da Europa realizados entre outubro e dezembro do ano passado.

Mais de um terço dos inquiridos acredita que o fenómeno da corrupção se agravou no último ano, sendo que em Portugal são 41% as respostas que apontam para que a corrupção tenha piorado nos últimos 12 meses.

O Executivo liderado por António Costa também "não fica bem na fotografia" no que concerne ao combate à corrupção: 60% dos inquiridos considera que o Governo é ineficiente no combate à corrupção e 63% diz mesmo que o Governo sofre "influências indevidas de pessoas com grande poder político e/ou económico".

"Estes resultados deveriam ser um alerta para os governos nacionais e para as instituições da União Europeia. A corrupção está a minar a confiança do público e os decisores políticos precisam de ouvir as preocupações do público", defende Michiel van Hulten, diretor da Transparency International EU, citado em comunicado.

"Há muito que pode ser feito no imediato para remediar estes problemas, tais como aumentar a transparência no lobbying – tanto a nível da União Europeia, como a nível nacional –, e combater a evasão fiscal. Além disso, as políticas da União Europeia para proteger os denunciantes e combater o branqueamento de capitais devem ser efetiva e rapidamente transpostas para o direito nacional", acrescenta.

Os deputados e parlamentos nacionais são as instituições com pior imagem na Europa no que toca à corrupção. E Portugal não é exceção, com 27% dos inquiridos a considerar que a maioria dos parlamentares "são corruptos ou facilitadores da corrupção".

Já no que toca aos membros do Executivo, quase um em cada seis portugueses (16%) acredita que são corruptos e 15% aponta o primeiro-ministro, António Costa, como estando envolvido em corrupção.

"A falta de confiança na integridade das instituições e a crença de que o poder político está capturado por interesses privados é incontestável e preocupante para a democracia. Urge pois uma boa e transparente aplicação dos códigos de conduta do governo e dos deputados, bem como a regulação do lóbi que garanta eficácia e transparência", sublinha Susana Coroado, Presidente da TI Portugal.

Setor privado também alvo de desconfiança

Passando para o setor privado, a perceção também é negativa: 25% dos europeus acredita que os administradores de grandes empresas estão envolvidos em corrupção e 23% diz o mesmo dos banqueiros.

Em Portugal a imagem é ainda pior, com um em cada três inquiridos a pensar que estes gestores estão associados a esquemas de corrupção.

Subornos e "cunhas" para aceder a serviços públicos

Ao nível da União Europeia, quase 30% dos cidadãos diz já ter recorrido a subornos ou a ligações pessoais e/ou familiares para aceder a serviços públicos.

Em Portugal apenas 3% admitem ter subornado, mas quase metade dos inquiridos reconhece que usou as suas ligações - as famosas "cunhas" - para aceder a serviços do Estado.

O cenário dos "favores" repete-se no acesso a serviços de saúde. A nível europeu 6% reconhece ter pago um suborno, mas 29% dizem ter aproveitado ligações pessoais e/ou familiares para obter cuidados médicos.

Mais uma vez, a "cunha" tem maior peso em Portugal, com quase metade dos inquiridos (46%) a indicar ter usado esta forma para receber cuidados médicos.

Transparency International (TI) é uma organização não governamental (ONG) sem fins lucrativos com sede em Berlim que define como objetivo o combate e denúncia da corrupção.
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