O índice de preços no consumidor (IPC) nacional deverá ter avançado 0,3% em Junho, com a evolução deste indicador a ser influenciada pelo segmento da alimentação e bebidas alcoólicas, segundo as estimativas dos analistas contactados pelo Negocios.pt.

Caso se confirmem as expectativas dos analistas, que incluem a Direcção Geral do Comércio e Concorrência (DGCC), a taxa de inflação homóloga deverá situar-se nos 4,6% em Junho, colocando a inflação média anual nos 4,1%.

As estimativas avançadas pelos referidos analistas relativamente ao crescimento mensal dos preços variaram entre os 0,2% e os 0,4%.

«Em Junho, a inflação terá aumentado particularmente devido à componente da alimentação e bebidas alcoólicas, que é a que tem mais peso no índice», defendeu Tiago Dionísio, analista do BPI.

A mesma fonte sublinhou que «nesta altura do ano, devido a efeitos sazonais, pensamos que o segmento da restauração irá ter também um ligeiro impacto no índice», devendo esta tendência manter-se «durante os meses de Verão».

Segundo Rodrigo Costa Nunes, analista do Banco Espírito Santo (BES), os bens alimentares deverão apresentar um «aumento menor que no mês anterior», uma vez que os efeitos decorrentes da doença das vacas loucas e da crise da febre aftosa «já se encontram diluídos».

O analista do BES referiu que o aumento mensal dos preços será ainda influenciado pelo segmento do vestuário e calçado e por efeitos decorrentes do «aumento dos preços dos combustíveis» que teve lugar no início deste ano, depois do Governo ter optado pelo congelamento artificial dos preços ao longo do ano 2000.

Inflação abranda mas números continuam «maus»

«Existe um abrandamento da inflação face a Maio, mas que não é assim tão bom em comparação aos anos anteriores a 2000», afirmou Tiago Dionísio, referindo que no ano passado os preços subiram mais do que costuma ser normal nesta altura do ano, devido ao incremento dos combustíveis a nível internacional.

Em Maio, o IPC registou um aumento mensal de 0,9%, uma evolução que elevou a inflação homóloga para os 4,8% e colocou a média anual deste indicador nos 4%, o nível mais elevado desde 1996.

Leonardo Silva, analista do Banco Finantia, afirmou que o aumento previsto para Junho «acaba por ser novamente um mau número», tendo em conta a evolução do IPC nos cinco anos anteriores a 2000.

Junto segue quadro com as previsões dos analistas.

Entidade	Inflação mensal	Inflação homóloga	Média anual
BSCH	0,3%	4,6%	4,1%
BPI	0,4%	4,7%	4,1%
BES	0,4%	4,7%	4,1%
Finantia	0,3%	4,6%	4,1%
BCP	0,2%	4,4%	4,1%
DGCC	0,3%	4,5%	4,1%
Média	0,3%	4,6%	4,1%