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Estado paga 66% dos gastos na Saúde

A despesa em saúde que é financiada pelo Estado manteve-se estável pelo terceiro ano consecutivo rompendo com a tendência de quebra que se verificava desde 2002.

Pedro Catarino/Correio da Manhã
26 de Junho de 2017 às 11:12
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A despesa corrente em saúde voltou a crescer em 2016, repetindo a evolução registada desde 2014, que contrariou o ciclo de quebra que vinha desde 2011. Segundo a conta satélite da saúde divulgada esta segunda-feira pelo INE, a despesa corrente cresceu 2,7%, o que compara com 3,1% no ano anterior – sempre abaixo do crescimento do PIB nominal, sublinha o INE

Relevante é o facto de, pelo terceiro ano consecutivo, registar-se um valor estável da componente da despesa paga pelo Serviço Nacional de Saúde: em 2016, 66,2% da despesa em saúde foi feita pelo Estado, um valor igual ao registado em 2015 e em linha com o verificado em 2014. Esta estabilização representa um corte com a tendência que se vinha verificando desde 2002. Nesse ano, a despesa financiada pelo Estado era de 73%. 

A despesa que não é paga pelo Estado é, naturalmente, paga pelo sector privado. E aí destaca-se o que é suportado directamente pelas famílias. O sector privado paga cerca de 34% da despesa, da qual 81% é financiada pelas famílias. Feitas as contas, as famílias financiaram, em 2016, 27,4% da despesa corrente em saúde em Portugal. 

Para onde vai o dinheiro?

Já sabemos quem paga, falta saber quem recebe. Segundo a mesma conta satélite da Saúde, conclui-se que a maior fatia dos gastos (30,9%) é feita nos hospitais públicos e traduz-se, essencialmente, nas famosas taxas moderadoras. Ainda assim, se se juntar os gastos com hospitais privados e consultas privadas, percebe-se que estes absorvem uma fatia idêntica da despesa em saúde (31%). O último dos principais destinatários da despesa são as farmácias, que recebem 15,4% da despesa em saúde. 

O documento do INE também dispõe de alguma informação comparativa, recorrendo para isso a dados do Eurostat, relativos a 2014. Em termos comparativos, Portugal (9% do PIB) gasta ligeiramente mais em saúde do que a média da União Europeia (8,4%). Segundo números do Eurostat, é o 12.º país que mais gasta na UE. 

No grupo dos países com rendimento per capita mais baixo (essencialmente países de Leste), Portugal é um dos que gasta mais dinheiro em saúde, por cada cidadão, sendo só ultrapassado pela Eslovénia. A Grécia tem uma situação idêntica, com um PIB e gastos em saúde per capita idênticos aos nacionais. Contrastante é a situação de Espanha: com uma riqueza per capita pouco superior a Portugal, os gastos correntes em saúde por cidadão mais do que duplicam as nacionais, estando ao nível do que acontece em França ou Reino Unido, por exemplo. Note-se, contudo, que o nível de gastos não tem necessariamente uma correspondência directa com a qualidade dos serviços prestados. 

 



(Notícia actualizada às 12h45 com mais dados estatísticos)
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