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Empresas só admitem aumentos de 2,8% em 2023
Aumentos muito abaixo da inflação esperada, prudência nas novas contratações, dificuldades em reter talentos. Conclusões de um estudo, realizado pela Mercer, que analisou 160.076 postos de trabalho em 527 empresas que operam em Portugal.
Os aumentos salariais no próximo ano perspetivados pelas empresas deverão ficar, em média, nos 2,8%, muito abaixo da inflação esperada, que no final deste ano deverá estar nos 7,4% (o cenário estimado pelo Governo). Por outro lado, 2023 será um ano de contenção e cautela, com as empresas a revelarem prudência no número de novas contratações e, ao mesmo tempo, a admitirem dificuldades na retenção de profissionais, sobretudo em áreas como a engenharia, tecnologias de informação e vendas e marketing.
Estas são algumas das conclusões do estudo "Total Compensation 2022", realizado pela Mercer e que analisa as tendências de remunerações e benefícios no setor privado.
No que toca a aumentos salariais, ainda que os aumentos médios sejam até superiores aos estimados no ano passado para 2022 (de 2,3%), a perda de poder de compra está praticamente garantida em 2023.
O estudo da Mercer, que analisou 160.076 postos de trabalho em 527 empresas que operam em Portugal, revela, por outro lado, que cerca de 43% das empresas assumiram aumentar o número de colaboradores ainda este ano, mas apenas 31% pretendem manter um crescimento idêntico em 2023. Aí a palavra de ordem é prudência, até porque "53% das empresas assumem ter dificuldade em reter profissionais, os salários em geral aumentaram face ao ano anterior e a situação macroeconómica parece não transmitir às organizações confiança para planear e assumir o crescimento a médio prazo", refere Marta Dias, Rewards Leader da Mercer Portugal, em comunicado.
Se os aumentos salariais não serão muito expressivos, outra conclusão do estudo é que as empresas têm vindo a apostar na atribuição de benefícios aos seus trabalhadores, nomeadamente apoio à formação - cerca de 57% das participantes, a assumir a comparticipação das despesas associadas à educação dos seus colaboradores - ou outros benefícios, como plano médico (90% das empresas), atribuição de viatura (88%); seguro de vida (cerca de 70%); descontos em produtos da empresa (59%); ou dias de férias adicionais (54%).
Há, por outro lado, empresas que optam por incentivos de curto prazo - cerca de 88% diz ter formas de remuneração variável, com formato de bónus, na maioria dos casos (62% dos inquiridos) relacionados com as vendas.
Já os incentivos de longo prazo são menos praticados e atribuídos apenas por 32% das empresas. Em regra são aplicados a colaboradores com mais elevados níveis de responsabilidade. Aqui, a prática mais recorrente é a atribuição de Performance Shares / Share Units (atribuição de títulos da sociedade em função da performance no desempenho das funções).