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Distritais do PSD em pé de guerra contra os homens da presidente

Diversas estruturas distritais do partido ameaçam com bloqueios como forma de contestação às opções pessoais de Ferreira Leite para liderar os círculos eleitorais.

06 de Agosto de 2009 às 10:54
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As escolhas da direcção do PSD para a lista de deputados estão a provocar a revolta em diversas estruturas distritais do partido, que ameaçam com bloqueios como forma de contestação às opções pessoais de Ferreira Leite para liderar os círculos eleitorais.

A presidente do PSD tinha prometido uma renovação e, face a 2005, apenas sete cabeças-de-lista repetem o lugar. Mas mais do que apostar em caras novas, em alguns dos círculos eleitorais mais relevantes Ferreira Leite fez questão de escolher nomes de confiança: os vice-presidentes Aguiar-Branco (Porto) e Mota Pinto (Coimbra), os ex-ministros cavaquistas Deus Pinheiro (Braga) e Couto dos Santos (Aveiro), ou o responsável pelas Relações Internacionais do partido, José Luís Arnaut (Viseu).

"A Comissão Política Nacional colocou a sua 'task force' dentro dos principais círculos eleitorais para formar uma equipa coesa", referiu ao Negócios um dirigente laranja, frisando, porém, que esta opção, que colocou as distritais em polvorosa, origina "perturbações pré-eleitorais" que só vão "dar armas aos adversários".

A direcção argumenta que teve em conta a opinião do grupo parlamentar, da comissão política nacional e das distritais, mas estas não se sentem representadas pelos nomes apontados pela líder. Em Setúbal acusa-se Fernando Negrão, que repete o lugar de 2005, de manifestar "total desprezo" pelo distrito; em Faro, o nome de Bacelar Gouveia é visto como "um mau serviço prestado ao Algarve" por ser "totalmente desconhecido na região". Argumento repetido em Castelo Branco, onde avança Costa Neves, ex-líder do PSD/Açores.

"Gostaríamos de ver alguém ligado ao distrito em lugares elegíveis para defender os nossos interesses" no Parlamento, explicou o presidente da distrital, Carlos São Martinho, que disse ao Negócios que irá propor no próximo Congresso uma alteração estatutária para que nos círculos mais pequenos a direcção nacional "respeite integralmente as propostas das bases do partido". Em Vila Real e em Santarém ainda se digeriam ontem os golpes aplicados por Ferreira Leite, que referiu ter afastado Passos Coelho por razões políticas e Miguel Relvas pelo trabalho parlamentar insatisfatório.

Em Lisboa, os alvos de contestação são António Preto e Helena Lopes da Costa. O primeiro, ex-deputado, é arguido por crimes de fraude fiscal e falsificação de documentos, num processo que se tem arrastado de recurso em recurso, todos com efeito suspensivo, e aguarda uma última decisão do Tribunal Constitucional. Helena Lopes da Costa, ex-vereadora em Lisboa, está acusada de 22 crimes de abuso de poder, por alegado favorecimento na concessão de casas municipais.

O julgamento em tribunal é já garantido, mas não deverá acontecer antes das próximas autárquicas. O líder da distrital lisboeta, Carlos Carreiras, considerou estas escolhas como "um erro político grave".
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