Notícia
Das cadeiras da Gulbenkian para o relatório do FMI
Os dados da polémica apareceram pela primeira vez numa conferência na Gulbenkian no final do ano passado. Meses depois estavam no relatório do FMI.
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Os gráficos da polémica foram construídos no ano passado pelas equipas do Ministério das Economia, que então tinha também a tutela do Emprego, sob a responsabilidade de Pedro Martins, o primeiro secretário de Estado desta área do ministro Álvaro Santos Pereira (na foto).
A primeira apresentação aconteceu numa conferência na Gulbenkian, organizada exactamente por Pedro Martins, em parceria com várias embaixadas de países nórdicos, para debater o mercado de trabalho em Portugal e o modelo de flexissegurança.
Terá sido aí que os números chamaram à atenção do FMI. Ao Negócios Pedro Martins, que saiu do Governo no final de Janeiro, refere que os dados estiveram presentes e foram analisados entre Executivo e troika "no quadro das ‘reviews’ regulares", mas diz que já não integrava o Executivo na altura da sétima revisão.
O economista frisa que saiu do Governo no final de Janeiro, e diz que não tem presente o envio de dados para o Fundo: "Sem prejuízo de na conferência sobre flexissegurança terem sido divulgados alguns dados nesse sentido, eu já não estava no Governo na altura da sétima revisão e portanto não posso falar com detalhe" sobre os dados concretos que o FMI publicou, diz.
Pedro Martins tem contudo ideias clara sobre a informação em questão e, tal como o FMI, mantém o essencial das conclusões e dos procedimentos adoptados. Por um lado evidencia o aumento da frequência de salários estagnados, como sinal da rigidez do mercado de trabalho.
Por outro, defende que "se fosse incluída no gráfico a informação completa sobre todas as variações teríamos valores muito baixos e valores muito altos", justificando a eliminação de "situações anómalas".
Questionado sobre o facto de os gráficos excluírem maioritariamente variações negativas, Pedro Martins "desvaloriza um pouco" e refere possíveis questões metodológicas associadas à medição das remunerações, exemplificando "com a contagem ou não do subsídios de férias" ou "a redução de salários por redução de tempo de trabalho", o que não é corte salarial.