Comissões bancárias
Maiores bancos cobram menos comissões. BCP e Novo Banco sobem encargos no próximo ano
Os cinco maiores bancos a operar em Portugal - BCP, BPI, Caixa Geral de Depósitos (CGD), Novo Banco e Santander Totta - cobraram menos comissões nos primeiros nove meses de 2023, quando comparado com o mesmo período de 2022, interrompendo a subida dos últimos dois anos.
Contas feitas, estas cinco instituições financeiras encaixaram 1.569,9 milhões de euros entre janeiro e setembro, inferior em 26,2 milhões, ou 1,64% abaixo dos valores do ano passado. A última descida das comissões nos últimos cinco anos tinha sido registada de 2019 para 2020, com uma redução na ordem dos 61,4 milhões de euros, ou 4,37%.
O BCP foi o que mais lucrou com estes encargos e um dos dois bancos que aumentou os custos anuais (juntamente com o Novo Banco), ascendendo aos 419,8 milhões de euros. Em segundo lugar está a CGD com 369,3 milhões, o Santander Totta com 345,7 milhões, o BPI com 218 milhões e o Novo Banco com 217,1 milhões.
Entre as justificações para a queda anual poderá estar um decreto-lei, aprovado no final de maio, que pôs fim a um conjunto de encargos financeiros. Entre as alterações estavam impedimentos de custos dos contratos de crédito, fotocópias de documentos, ou comissões derivadas da mudança de titular de conta em caso de morte.
Segundo contas da Deco Proteste, um dos encargos que foi abolido - os custos de processamento dos contratos de crédito, que foi alargado a todos os contratos - rendia aos bancos cerca de 72 milhões de euros por ano.
Para o próximo ano apenas o BCP e o Novo Banco já alertaram para algumas alterações, enquanto as outras três instituições ainda nada revelaram sobre o que, e se, esperam mudar nas comissões em 2024.
No caso do BCP - o banco que mais ganha com comissões, pelo menos há cinco anos, entre os pares - as mudanças são relativamente à requisição e entrega de módulos de cheques, tanto para clientes particulares como para empresas. A maioria das comissões deste segmento devem subir, mas há também algumas descidas e uma reorganização do preçário com vista a estas alterações. Esta atualização terá lugar em janeiro.
Relativamente ao Novo Banco, a instituição que mais aumentou os resultados derivados de comissões entre 2022 e 2023, embora de forma ténue (0,65%), vai mimetizar essa subida em 2024 nas contas de depósito, incluindo a conta 100% - a mais comercializada pela instituição - e nos cartões. Ambas as alterações são para particulares e empresas e acontecem a 19 de janeiro. Há, no entanto, alguns produtos que ficam mais baratos, como é o caso da disponibilização dos cartões de crédito Verde e Gold.
À semelhança do que vai acontecer aos clientes do BCP, o Novo Banco aumentou, em dezembro, o custo dos cheques para as empresas e famílias. Nessa alteração foram também encarecidas as comissões de operações em bolsa.
Turismo
Preço de hotéis e tarifas aéreas abrandam
Depois de um ano recorde, é esperado que em 2024 o crescimento do turismo abrande. Em causa estão as nuvens de incerteza da ameaça de recessão e dos impactos dos conflitos geopolíticos.
Os valores históricos dos proveitos do setor foram alcançados à boleia do aumento dos preços das dormidas que subiram, em média, a duplo dígito refletindo o aumento da procura bem como dos custos com a inflação e dos salários devido à escassez de mão de obra. A tendência não é exclusiva de Portugal. Mas estará para ficar?
Segundo a presidente executiva da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), Cristina Siza Vieira, em 2024 os preços deverão continuar a evoluir positivamente, mas a um ritmo inferior ao verificado em 2023. "Pode haver uma estabilização em alta", disse ao Negócios a responsável, explicando que neste momento "nada justifica que os preços caiam".
No que toca às viagens aéreas, a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) diz que "os consumidores podem esperar que as tarifas aéreas continuem a acompanhar o aumento dos custos, especialmente do petróleo". Porém, os dados da entidade mostram que "a concorrência continua a gerar benefícios de preços para os consumidores". Por isso, acredita que os preços dos bilhetes não devem sofrer uma grande escalada. Em Portugal, a ANA - Aeroportos decidiu subir em 14,55% as taxas aeroportuárias em 2024, uma proposta que ainda terá de ser aprovada pelo regulador do setor (ANAC).