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CIP propõe Alcochete para Portela+1
Os autores do estudo encomendado pela Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) estão a chegar a novas conclusões, agora que ultrapassaram a fase preliminar, e apontam como possível a solução "Portela + 1", ficando Alcochete como o aeroporto que gradualm
Os autores do estudo encomendado pela Confederação da Indústria Portuguesa (CIP) estão a chegar a novas conclusões, agora que ultrapassaram a fase preliminar, e apontam como possível a solução "Portela + 1", ficando Alcochete como o aeroporto que gradualmente iria substituir definitivamente ou não o actual.
Ao "Diário de Notícias", Carlos Borrego, um dos especialistas da Universidade de Aveiro (UA) que lidera o projecto, afirma que "Alcochete tem muitas vantagens para além da ambiental. Até na óptica da solução "Portela + 1", tem a vantagem de se fazer uma pista, em vez de duas, e ir desactivando a Portela se for preciso. Ou então mantê-la, mas isso é uma decisão política".
O estudo da CIP aponta para que, à medida que o tráfego for crescendo, seja transferido para o novo aeroporto que será desenvolvido faseadamente e não todo de uma vez, sempre numa lógica de complementaridade e não concorrência (nunca haverá dois aeroportos de dimensão do da Portela a competirem). Na fase final, a 20 anos, o principal aeroporto seria Alcochete, mas a Portela manter-se-ia como estratégica para um pequeno mas valioso mercado de quatro a cinco milhões de passageiros/ano que poderia ser servido por aviões de menor dimensão e com um menor impacto ambiental.
O antigo ministro da Agricultura de Cavaco Silva sustenta que o estudo da CIP entrou numa fase de detalhe, que inclui "as componentes ambientais, aeronáutica e de desenvolvimento do território". E assegura: "Não há interrupções, nem no Verão, porque queremos ter tudo pronto antes do LNEC". Carlos Borrego refere-se à análise comparativa que o Laboratório Nacional de Engenharia Civil está a fazer, a pedido do Governo, entre as opções Ota e Alcochete para a construção do novo aeroporto internacional de Lisboa. "O LNEC é credível na sua área de competência técnica, mas há áreas em que deve associar-se a instituições que tenham outras competências, como é o caso da ambiental", diz Borrego, revelando que o organismo público já fez démarches junto da UA e do Ministério da Defesa (responsável pelos terrenos do Campo de Tiro de Alcochete), no sentido de "obter informação adicional".
O especialista da UA afirma, em relação à solução Alcochete, que "o trabalho de campo tem estudado muita coisa, desde as águas subterrâneas, à qualidade do ar. E agora a equipa de José Manuel Viegas vai ter em atenção a aeronáutica, queremos ter certezas sobre a localização das pistas e de como se fará a aproximação e o levantamento". Carlos Borrego salienta ainda que os trabalhos provaram que "é possível encontrar uma solução a Sul do Tejo para a construção de um novo aeroporto internacional".
Nesta altura, Carlos Borrego garante que também já está em condições de garantir que na vertente dos custos Alcochete leva a melhor sobre a Ota. "Estamos a falar de uma redução da ordem dos 60 a 70% em relação ao estimado para a Ota", revela o ex-ministro, que acrescenta que a solução preferida do Governo custará cerca de "7200 milhões de euros e Alcochete fica-se pelos 3500 ou 4 mil milhões de euros". Para o responsável da UA, "a poupança é importante, porque são os contribuintes que vão pagar isto nos próximos 30 ou 40 anos".
O DN contactou o Ministério das Obras Públicas, que disse que Mário Lino não faria comentários às posições de Carlos Borrego. Fonte oficial lembrou, no entanto, que o Governo não labora num cenário de dois aeroportos porque "não há viabilidade económica para isso", nem que ficasse Alcochete só para o tráfego das companhias low-cost: "Com as tarifas baixas não se pagaria o aeroporto de Alcochete". Mais, a TAP também só funciona num aeroporto, pois trabalha no sistema de placa giratória.