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China proíbe produtos aquáticos do Japão após Fukushima iniciar descarga de águas

A suspensão aplica-se a todos os produtos de origem aquática, incluindo peixe, mariscos, moluscos, crustáceos e algas.

Kyodo via Reuters
24 de Agosto de 2023 às 11:39
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A China suspendeu esta quinta-feira a importação de produtos aquáticos de origem japonesa, de forma a "prevenir o risco de contaminação radioativa", após a central nuclear de Fukushima ter iniciado a descarga de águas residuais tratadas no mar.

A medida foi tomada "para prevenir o risco de contaminação radioativa oriunda dos produtos aquáticos japoneses devido ao despejo no Pacífico da água contaminada proveniente da central nuclear danificada de Fukushima", informou a Administração Geral das Alfândegas da China, em comunicado.

A suspensão aplica-se a todos os produtos de origem aquática, incluindo peixe, mariscos, moluscos, crustáceos e algas.

O operador de Fukushima Daiichi, a Tokyo Electric Power Company Holdings (TEPCO), anunciou hoje o arranque do lançamento para o oceano Pacífico das águas residuais radioativas tratadas e diluídas da central nuclear.

A TEPCO tinha avisado que a central de Fukushima Daiichi poderia, no início de 2024, ficar sem espaço para armazenar cerca de 1,33 milhões de toneladas de água, proveniente de chuva, água subterrânea ou injeções necessárias para arrefecer os núcleos dos reatores nucleares.

A libertação de água começou quase 12 anos e meio após a fusão nuclear de março de 2011, causada por um forte sismo e tsunami.

Segundo o órgão responsável pela gestão das alfândegas, o Governo chinês avaliou o "risco de contaminação radioativa nos produtos aquáticos japoneses" e "intensificou as medidas de controlo" para produtos importados do país vizinho.

O organismo acusou Tóquio de "ignorar as fortes críticas e oposição da comunidade internacional" e de "avançar unilateralmente com o despejo de água contaminada de Fukushima".

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China classificou a decisão do Japão como "egoísta" e "irresponsável".

Desde 2011, a China mantém a proibição sobre a importação de alimentos de uma dúzia das 47 províncias que compõem a nação insular, incluindo Fukushima, e analisa rigorosamente toda a documentação dos alimentos que chegam de outras partes do Japão, especialmente no caso de produtos alimentares de origem aquática.

Embora vários países tenham levantado muitas das suas restrições nos últimos anos, a China só em 2018 retomou a importação de arroz da província japonesa de Niigata.

Num vídeo difundido em direto a partir de uma sala de controlo da central, a TEPCO mostrou um membro da equipa a ativar uma bomba de água do mar, marcando o início de um polémico plano de descargas, que deve durar décadas.

Grupos de pescadores japoneses opuseram-se ao plano, receando que este prejudique ainda mais a reputação dos seus produtos do mar.

Momentos depois do anúncio da China, o presidente da TEPCO, Tomoaki Kobayakawa, disse que a empresa vai compensar adequadamente os empresários japoneses pelos danos sofridos pelas proibições de exportação.

O responsável apontou que a China é o principal parceiro comercial do Japão e que vai fazer o máximo para fornecer explicações científicas sobre a decisão, para que a proibição seja retirada o mais rapidamente possível.

Tony Hooker, diretor do Centro de Pesquisa em Radioatividade da Universidade de Adelaide, disse que a água libertada pela central de Fukushima é segura. "É uma questão muito política", afirmou. "Compreendo as preocupações das pessoas e isto acontece porque nós, como cientistas, não explicamos da melhor forma e precisamos de mais educação".

Ainda assim, alguns cientistas dizem que o impacto a longo prazo da radioatividade que permanece na água deve ser acompanhado.

Em comunicado, o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), Rafael Mariano Grossi, afirmou que "os especialistas da AIEA estão no terreno para servir como olhos da comunidade internacional e garantir que a descarga está a ser realizada conforme planeado, de acordo com os padrões de segurança da agência".

A agência das Nações Unidas também disse que vai lançar um portal para fornecer dados em tempo real sobre a descarga e reiterou as garantias de que a AIEA irá acompanhar no local as operações.
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