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CGTP promete mais contestação e exige aumentos de 10% dos salários em 2023

A central sindical avança que na manifestação deste sábado entre o Cais do Sodré e o Rossio estiveram cerca de 10 mil pessoas.

Lusa_EPA
15 de Outubro de 2022 às 20:05
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A central sindical CGTP-IN prometeu neste sábado mais contestação e exigiu um aumento geral intercalar do salário "ainda este ano" e uma subida de 10% dos vencimentos com "o mínimo de 100 euros" em 2023.

"Exigimos o aumento geral intercalar dos salários ainda este ano e que em 2023 o aumento seja de 10% com um mínimo de 100 euros", disse a secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha, no final da manifestação que juntou milhares de pessoas em Lisboa.

Promovida pela central sindical CGTP-IN e com o lema "Aumentos dos salários e pensões - emergência nacional! Contra o aumento do custo de vida e o ataque aos direitos", a manifestação realizou-se entre o Cais do Sodré e o Rossio, tendo contado, segundo a organização, com cerca de 10 mil pessoas.

No protesto participaram sindicatos de vários setores, desde educação, comércio, serviços, autarquias, polícias, saúde, cultura e hotelaria, além de reformados.

Isabel Camarinha considerou que a única justificação para o Governo não aumentar "já os salários" e subir em 10% os vencimentos em 2023 "é a exploração", frisando que "o brutal aumento do custo de vida" exige esta subida.

"Para os que dizem que é muito, que vem aí uma espiral inflacionista, afirmamos que a dita espiral já cá está, que é insuportável, que começam a faltar bens e serviços essenciais juntamente com outros a que tínhamos acesso, e estão cada vez mais comprometidos. Não falamos de luxo, falamos do básico que permita viver com dignidade, que permite a realização pessoal de cada um", precisou.

No seu discurso, afirmou que a CGTP exige também um aumento do salário mínimo ainda este ano para os 800 euros e em janeiro de 2023 para os 850 euros.

Para a secretária-geral da central sindical, os 760 euros que o Governo propõe para o próximo ano significam "677 euros líquidos".

"É hora de acabar com os salários de miséria", sustentou, pedindo também um aumento das pensões, uma regulação dos preços dos bens e serviços essenciais, fixação de preços máximos, "tributação dos lucros e de forma mais intensa dos lucros que resultam do aproveitamento da guerra e das sansões".

Isabel Camarinha disse ainda que "a luta vai continuar e vai aumentar na rua".

"Una luta que vai continuar e intensificar-se nos locais de trabalho, nas empresas e serviços, no setor privado e público", afirmou, destacando a greve que a Frente Comum de Sindicatos da Administração Pública convocou hoje para 18 de novembro.

Durante o protesto, os manifestantes entoaram as tradicionais palavras de ordem como "CGTP, unidade sindical", "esta legislação laboral só interessa ao capital", "a luta continua nas empresas e na rua", "saúde, educação, segurança social é direito universal" e "o custo de vida aumenta e o povo não aguenta", empunhando várias bandeiras dos respetivos sindicatos e cartazes a exigir "mais salários e mais pensões".

Fernando Pinto, do Sindicato de Hotelaria do Sul, disse à Lusa que participou na manifestação para exigir um aumento de 100 euros para o setor e contestar o aumento do custo de vida, que tem sido "enorme nos últimos tempos".

"Cada vez é mais difícil garantir um rendimento para os agregados familiares", afirmou, admitindo mais contestação no futuro caso "o Governo não arrepiar caminho".

Também Zoraima Prado, do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), disse à Lusa que os portugueses estão "realmente a empobrecer".

"Participo nesta manifestação porque, mesmo com os aumentos anunciados, os enfermeiros têm uma perda nestes últimos dois anos de 12% do poder de compra para fazer face ao custo de vida", sublinhou, realçando que a contestação vai aumentar uma vez que também "vão aumentar as dificuldades dos portugueses para fazer face às despesas mensais".

A sindicalista defendeu um aumento mínimo para os enfermeiros de 12%.

Por sua vez, o presidente da Associação dos Profissionais da Guarda (APG), César Nogueira, afirmou à Lusa que os 100 euros anunciados pelo Governo para os militares da GNR em início de carreira não é suficiente e não vai alterar o sistema remuneratório da corporação, que não muda desde 2009.

"O ministro anunciou 100 euros para os militares em início de carreira, mas isso, só por si, não altera o sistema remuneratório e até vai trazer injustiças, porque há profissionais com 20 e 30 anos e apenas vão ter um aumento de 52 euros", disse, defendendo que "nenhum polícia devia receber menos de 1.000 euros de vencimento base".

Joaquim, do movimento dos reformados de Almada, manifestou à Lusa descontentamento com as medidas tomadas para as reformas.

"Há muitos anos que não somos aumentados e estamos a perder poder de compra constantemente", lamentou.

Na proposta do Orçamento do Estado para 2023, o Governo tem proposto um aumento do salário base na função pública entre 8% e 2%, com garantia de um mínimo de cerca de 52 euros, e a valorização das carreiras gerais de técnico superior, assistente técnico e assistente operacional.

A proposta do Governo contempla ainda um aumento do subsídio de refeição dos atuais 4,77 euros para 5,20 euros.
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