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Centro Champalimaud: mais próximo do desconhecido

Em testamento António Champalimaud doou um terço da sua fortuna, 500 milhões de euros, para a criação de uma fundação na área da saúde. Seis após a sua morte, nasce à beira Tejo um dos “melhores espaços de investigação de doenças cancerígenas no mundo”.

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Em testamento António Champalimaud doou um terço da sua fortuna, 500 milhões de euros, para a criação de uma fundação na área da saúde. Seis após a sua morte, nasce à beira Tejo um dos “melhores espaços de investigação de doenças cancerígenas no mundo”.

A inauguração está prevista para hoje, 5 de Outubro, numa cerimónia que contará com a presença de Cavaco Silva e José Sócrates.

O Centro Champalimaud para o Desconhecido está “implantado na zona ribeirinha de Pedrouços. É um local privilegiado de onde os navegadores portugueses partiram há cinco séculos em busca do ‘desconhecido’. A presença de um centro de investigação científica de excelência e de reputação internacional alavanca o legado histórico desta zona e estabelece uma ponte inspiradora entre as “Descobertas” e a descoberta científica”, refere o “site” da Fundação Champalimaud.

Este centro vai dedicar-se a duas áreas específicas: oncologia e neurociências. Estas são as áreas que do “ponto de vista do estado da investigação científica e da relação existente entre o peso das doenças em cada área e o investimento na respectiva investigação, faz mais sentido que nos envolvamos”, afirmou Leonor Beleza, presidente da Fundação Champalimaud, numa entrevista ao jornal “Público”.

"Moveu-se o céu e a terra para tornar este centro um dos melhores espaços de investigação de doenças cancerígenas no mundo", afirmou Raghu Kalluri, professor de Medicina em Harvard e director do futuro Centro do Cancro, citado recentemente pelo “New York Times”. O Hospital do Cancro, preparado para receber 300 doentes por dia, vai ocupar dois dos pisos (piso térreo e cave) do Centro Champalimaud para o Desconhecido.

Já os dois pisos superiores são destinados à investigação.
Raghu Kalluri revelou ao jornal “Público” que os médicos contratados “vão ter 50% do seu tempo dedicado à investigação. Vão poder fazer investigação básica no laboratório, estudar a epidemiologia de um cancro, os tratamentos, os resultados clínicos, fazer ensaios clínicos de novos medicamentos”. Raghu Kalluri afirmou ainda que o centro quer ser “reconhecido como um dos melhores sítios do mundo para a investigação na área das metástases”.

O Centro Champalimaud para o Desconhecido terá “500 investigadores a trabalhar lado a lado com 100 médicos, lidando com cerca de 300 pacientes por dia”. Esta aproximação da investigação às práticas terapêuticas será, segundo o próprio Centro, algo “único” e “aplaudido por outros cientistas”.

Lisboa na rota da investigação científica

O “New York Times” escreveu recentemente que a Fundação Champalimaud e o Centro Champalimaud para o Desconhecido colocarão não só Lisboa na rota da investigação científica, mas também o País e o próprio continente europeu.

O “NYT” deu uma especial ênfase às idiossincrasias da história do promotor deste Centro, António de Sommer Champalimaud. Empresário da área do cimento, que viu as suas empresas nacionalizadas no pós-25 de Abril, obrigado a reconstruir o seu “império” de novo no Brasil, antes de recuperar as suas empresas portuguesas de novo, não esquecendo o desmembramento posterior que não foi imune a polémica – com Champalimaud a querer vender, numa primeira fase, todos os seus activos bancários aos espanhóis do Santander pela famosa “pipa de massa”.

Apesar dos esforços do Governo português em vetar o negócio, acabou por vender o grupo Mundial Confiança aos espanhóis, do qual faziam parte, entre outras instituições, o Banco Totta & Açores e o Crédito Predial Português.

Champalimaud acabaria por morrer de cancro. De acordo com as suas indicações, Leonor Beleza, antiga ministra da Saúde no primeiro governo de Cavaco Silva, tomaria as rédeas da Fundação Champalimaud, fundada a partir dos 500 milhões de euros, “um quarto da sua fortuna a ser dedicado em investigação na área da medicina”, segundo o NYT.

“Lisboa não é, neste momento, o centro da ciência no mundo, mas poderá muito bem sê-lo se tudo for bem gerido”.

Estas palavras são de Axel Ullrich, investigador do Instituto Max Planck de Bioquímica em doenças cancerígenas, uma citação textual do NYT que marca de forma fiel o tom de todo o artigo. “Estão a ser levadas a acabo investigações significativas em Espanha, França e na Alemanha, mas sinto que nenhuma delas tem o impacto que estas terão”.

A esperança no papel do Centro de Champalimaud para o Desconhecido (Champalimaud Center for the Unknown, segundo o NYT) é grande. Espera-se que o Centro tenha “500 investigadores a trabalhar lado a lado com 100 médicos, lidando com cerca de 300 pacientes por dia”. Esta aproximação da investigação às práticas terapêuticas será, segundo o próprio Centro, algo “único” e “aplaudido por outros cientistas”.
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