O “Sol” avançou hoje que o Presidente da República terá ficado “estupefacto” com a exclusão de Lobo Antunes do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV), pois, ao que o semanário apurou, o Governo terá assumido, com Cavaco Silva, o compromisso de reconduzir o neurocirurgião no órgão consultivo.

O jornal “Sol” cita uma fonte da Casa Civil do Presidente da República que diz estar "estupefacta, não apenas pelo facto de o nome de João Lobo Antunes não figurar na lista de pessoas designadas pelo Governo para fazerem parte do Conselho, como também por, até ao momento, não ter sido dada nenhuma explicação à Presidência".

Contudo, questionada pela Lusa, fonte oficial do Governo disse não ter havido “qualquer compromisso para a recondução de João Lobo Antunes", alegando que a notícia é “falsa e baseada em pura intriga política”. A agência noticiosa tentou contactar a Presidência da República mas tal não foi possível até ao momento.

Foi na resolução do Conselho de Ministros de 23 de Julho que Cavaco Silva e outros conselheiros do CNECV perceberam, surpresos, que Lobo Antunes não constava na lista dos cinco membros do órgão.

Daniel Serrão e Lobo Antunes - conselheiro de Estado indicado pelo Presidente - foram os autores da proposta que deu origem ao parecer do CNECV que chumbou a proposta de lei do PS sobre o testamento vital.

José Sócrates e Cavaco Silva tinham feito um acordo de cooperação porém, este tem vindo a degradar-se à medida que se aproxima o final do mandato. Um dos sinais desta crispação, que se tem acentuado desde o braço de ferro do Estatuto dos Açores, são os vetos do Presidente da República. Basta Cavaco Silva vetar mais um dos diplomas que “leva para férias” e iguala o número máximo de vetos de Jorge Sampaio.