A economia portuguesa deverá crescer 1,8% em 2008, segundo o Núcleo de Estudos de Conjuntura da Economia Portuguesa (NECEP) da Universidade Católica. A previsão corresponde a uma revisão em baixa, de três décimas, em relação à anterior perspectiva de evolução da actividade durante este ano.

Em Outubro passado, os economistas da Católica projectavam um crescimento de 2,1%, mais próximo da variação de 2,2% inscrita pelo Governo nas previsões oficiais do Orçamento do Estado para 2008. De acordo com a folha trimestral de conjuntura do NECEP, a que o Jornal de Negócios teve acesso, o ajustamento deve-se ao facto de se prever que "a alteração da conjuntura externa terá um impacto negativo relevante para o crescimento da economia portuguesa".

O departamento de estudos da Católica, liderado pelo economista João Borges de Assunção, mostra-se cauteloso "perante a nebulosidade acrescida que marca a situação económica internacional", admitindo "uma grande diversidade de cenários", cuja materialização dependerá "do crescimento da economia dos EUA e da forma como a sua previsível desaceleração venha a contagiar a Zona Euro".

O abrandamento das exportações no segundo semestre de 2007, situação que leva o NECEP a afirmar que "o cenário não é animador", revela que, "apesar das transformações recentes no tecido empresarial português, as debilidades competitivas da economia nacional continuam fortes". Ainda assim, o NECEP mantém a sua estimativa de que Portugal terá crescido 1,9% durante o ano passado, adiantando uma variação homóloga do produto de 2% no quarto trimestre e de 0,6% em relação ao trimestre anterior.

Com uma conjuntura externa menos favorável ao crescimento das vendas ao exterior, a Universidade Católica alerta que "será importante acompanhar a forma como a recuperação em curso do investimento vai ser afectada pelo novo cenário externo". Para o NECEP, "a persistente fraqueza da procura interna e a turbulência nos mercados financeiros justificam alguma preocupação". O centro de estudos adianta que o cenário de abrandamento poderá ser transitório e que a economia portuguesa poderá crescer 2% em 2009, recuperando em relação ao ritmo que se prevê para o ano corrente.