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Caso EDP. Advogado de Salgado refuta qualquer fingimento de Alzheimer

Francisco Proença de Carvalho reiterou que o novo relatório vem confirmar o diagnóstico de doença de Alzheimer do ex-banqueiro e sublinhou que uma pessoa nessas circunstâncias não inventa sintomas.

À data dos factos, Ricardo Salgado liderava os destinos do Banco Espírito Santo.
Paulo Cunha/Lusa
08 de Janeiro de 2024 às 14:33
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O advogado de Ricardo Salgado refutou hoje qualquer cenário de exagero ou fingimento de sintomas da doença de Alzheimer, como foi alegado na segunda perícia ao ex-presidente do BES, realizada no âmbito do julgamento do Caso EDP.

Em declarações aos jornalistas à margem da sessão do julgamento que decorre no Juízo Central Criminal de Lisboa, Francisco Proença de Carvalho reiterou que o novo relatório vem confirmar o diagnóstico de doença de Alzheimer do ex-banqueiro e sublinhou que uma pessoa nessas circunstâncias não inventa sintomas, deixando críticas a essa parte da perícia.

"O Dr. Ricardo Salgado está no segundo estado mais grave da doença de Alzheimer, tem dificuldades gravíssimas atestadas por todos os relatórios e, portanto, qualquer pessoa que conviva e que conhece esta realidade percebe que não se exacerba, que não se inventa. E mesmo a exposição de se desligar de alguma maneira do processo é fruto de uma coisa que se chama demência", afirmou.

Segundo o relatório da perícia médico-legal, avançada na última semana pelo ECO e a que a Lusa teve também acesso, os peritos apontaram que "a doença de Alzheimer é causa mais provável do quadro clínico" do arguido e que este revela "alterações significativas ao nível da orientação, atenção e memória (...) e lentificação psicomotora", mas que pode ser interrogado judicialmente, embora não esteja garantido o rigor das declarações.

No mesmo documento é possível ler que "na análise de eventual esforço insuficiente ou tentativa de simulação durante o processo de avaliação, o examinando efetua relatos de sintomas neurológicos ilógicos ou muito atípicos e sintomas relacionados com distúrbios de memória que são inconsistentes com padrões de comprometimento produzidos por disfunção ou dano cerebral real, sugestivos da tentativa de exacerbar dificuldades".

Na sequência deste relatório, Francisco Proença de Carvalho explicou que Ricardo Salgado não deverá prestar depoimento em tribunal e que "a justiça portuguesa terá que lidar" com esta situação clínica do ex-banqueiro. O advogado assinalou ainda que, apesar do tratamento experimental que o antigo presidente do BES está a fazer, "as coisas não estão fáceis" e que a tendência é para evoluir no sentido negativo.

"A defesa de Ricardo Salgado está sempre disponível para trazer o Dr. Ricardo Salgado a tribunal, se necessário. Pode vir cá... Vem cá fazer o quê? É a pergunta que eu faço", frisou, continuando: "Qualquer pessoa que conheça a realidade da doença de Alzheimer acha possível uma pessoa no segundo estádio mais grave responder a perguntas de um processo complexo?"

O ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, responde no julgamento do Caso EDP por corrupção ativa para ato ilícito, corrupção ativa e branqueamento de capitais, num processo em que são também arguidos o ex-ministro da Economia Manuel Pinho (corrupção passiva para ato ilícito, corrupção passiva, branqueamento e fraude fiscal) e a sua mulher, Alexandra Pinho (branqueamento e fraude fiscal - em coautoria material com o marido).
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