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Bruxelas vê economia portuguesa a crescer apenas 1,3% em 2024, mas sem impacto da crise

Novas previsões de outono da Comissão Europeia antecipam maior arrefecimento do que o esperado no cenário macroeconómico do Governo. Portugal deve crescer apenas mais uma décima do que a Zona Euro, que se deverá expandir em 1,2%. Bruxelas não espera que crise política afaste o investimento.

Comissão Europeia avisa que impacto das medidas para mitigar preços da energia pode estar subavaliado, já que Estados-membros podem ter de manter as medidas ao longo de 2023.
Johanna Geron/Reuters
15 de Novembro de 2023 às 11:35
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A Comissão Europeia reviu nesta quarta-feira em baixa significativa a projeção de crescimento para a economia portuguesa no próximo ano, de 1,8% para 1,3%, comparando com as previsões anteriores, apresentadas em maio.


Em 2025, porém, Portugal pode esperar alguma recuperação, para um ritmo de crescimento de 1,8%. Já para este ano, Bruxelas espera 2,2% de subida no PIB.


O quadro de previsões do chamado pacote de outono, do semestre europeu, trouxe nesta quarta-feira uma revisão em baixa para a generalidade das economias do euro, com o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni, a reconhecer a forte perda de dinâmica no bloco europeu e a espera apenas de uma recuperação muito suave a partir de agora, tendo como principal motor o consumo privado.



Neste ano, a Zona Euro não deverá crescer mais do que 0,6%, prevê agora a Comissão. Já em 2024, o ritmo de subida no PIB dos países da moeda única deverá registar uma melhoria ligeira, para 1,2%, com Bruxelas a projetar 1,6% de expansão em 2025.


Este quadro aponta para uma redução significativa do diferencial de crescimento entre as economias nacional e do euro, que passará de 1,6 pontos percentuais em 2023 para apenas uma décima no próximo ano. Já em 2025 a diferença poderá ser de duas décimas.


Apesar de as projeções apontarem, assim, no sentido da redução do ritmo de convergência e ficarem abaixo daquilo que espera o Governo atual, que está demissionário, Paolo Gentiloni defendeu que a previsão de Bruxelas diverge apenas ligeiramente da de Lisboa no que toca ao crescimento projetado para o próximo ano, afastando um cenário de impacto negativo da atual crise política. É, segundo o comissário, "um pouco mais baixa, tal como é o caso em vários outros países".


"Creio que esta situação não terá impacto no investimento", indicou o comissário, em particular, nas respostas aos jornalistas na conferência de imprensa de apresentação das previsões.


Já no que toca às metas das finanças públicas, Gentiloni assinalou menor otimismo na trajetória de redução da dívida pública do que aquele que subjaz às perspetivas do ministro das Finanças, Fernando Medina, na proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano. Se o Governo português espera uma descida do rácio da dívida abaixo de 100% do PIB em 2024 (98,95 do PIB), a Comissão só vê o feito a ser alcançado um ano mais tarde, com o nível de endividamento público previsto para 2024 a ser ainda de 100,3% do PIB (97,2% do PIB em 2025).


"Espero estar errado porque gosto deste objetivo de descer abaixo de 100% do PIB", afirmou o responsável de Bruxelas.

Na proposta de Orçamento do Estado para o próximo ano, o Governo estimou que o rácio da dívida pública fique no final do ano em 103% do PIB, mas o ministro das Finanças já veio nesta semana antecipar que o resultado final poderá ser melhor do que o esperado há apenas algumas semanas.


Nas previsões de outono, a Comissão Europeia acredita também que o excedente das contas públicas projetado para o próximo ano acabará por ser inferior ao esperado por Fernando Medina, não indo além dos 0,1% do PIB. Neste ano, converge com os 0,8% de superávite estimado pelo Governo. Já para 2025, a previsão é de um saldo em equilíbrio total – ou seja, nulo.


O pacote de Bruxelas atualiza ainda as previsões de inflação, com Bruxelas à espera de uma variação média anual no índice harmonizado de preços no consumidor de 5,5% neste ano, de 3,2% no próximo (5,3% e 3,3%, segundo o Ministério das Finanças português), e de 2,4% em 2025.

 

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