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Bruxelas confirma procedimento por défice excessivo a França e mais seis países

Portugal vê, entretanto, a avaliação de vulnerabilidades melhorada com retirada do mecanismo de vigilância por desequilíbrios macroeconómicos.

As novas projeções da dívida têm ainda por base as previsões do último pacote de outono, apresentado pelo comissário europeu Paolo Gentiloni.
Johanna Geron/Reuters
19 de Junho de 2024 às 11:04
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A Comissão Europeia confirmou nesta quarta-feira a proposta de abertura de procedimento por défice excessivo a sete países da União Europeia por ultrapassagem do tecto de 3% do PIB de défice dos tratados nos resultados orçamentais do ano passado.

De acordo com a comunicação do pacote de Primavera do Semestre Europeu, os procedimentos serão iniciados para Bélgica, França, Itália, Hungria, Malta, Polónia e Eslováquia, sete dos 12 países que em 2023 superaram o limite dos tratados ou que planeiam ultrapassá-lo neste ano.

Nos restantes - Finlândia, República Checa, Estónia, Espanha e Eslovénia - a avaliação ponderou a existência de níveis de endividamento abaixo dos 60% do PIB da dívida pública ou de défice ligeiramente acima do limiar das regras e numa utrapassagem considera de caráter temporário apenas, como foi avaliado no caso de Espanha.

Após a recomendação de Bruxelas, "caberá ao Conselho em julho adotar uma decisão", indicou o comissário para a Economia, Paolo Gentiloni, juntando que a abertura dos processos deverá ocorrer apenas em novembro, "para garantir consistência" com os planos orçamentais estruturais de médio-prazo que serão apresentados no final de setembro pelos Estados-membros no âmbito das novas regras orçamentais europeias. 

Com a abertura do procedimento, os países serão chamados à entrada em processo de ajustamento nas novas regras orçamentais, que no caso de défice excessivo exigem ajustamento do saldo primário estrutural em 0,5% do PIB ao ano, entre 2025 e 2027. A partir de 2028, o ajustamento exigido será igual, mas passará a contabilizar despesa com juros. O incumprimento poderá resultar na imposição de multas.

Bruxelas rejeita contudo que o rigor exigido com a retoma da disciplina orçamental nestes termos corresponda à ideia de austeridade. "O facto de termos regras não significa que estejamos a trabalhar para a austeridade, se a austeridade significar restritividade orçamental numa recessão, o que aconteceu no passado", defendeu Gentiloni.

A decisão de recomendação de abertura de procedimento a um conjunto largo de países já era esperada, mas visa pela primeira vez a França, país cujo peso no bloco a escudou de anteriores processos, e que no atual momento se prepara para eleições antecipadas com probabilidade de vitória dos partidos de extrema-direita e nacionalistas, muito críticos das instituições e das regras de disciplina orçamental da UE.

Na conferência de imprensa de apresentação do pacote de Primavera, a Comissão afastou a ideia de uma entrada em rota de colisão com o partido de Marine Le Pen, o Reagrupamento Nacional. "Todos sabemos que o que propomos hoje é um primeiro passo de uma decisão que será tomada nas próximas semanas, que era largamente esperada. Não é uma surpresa", defendeu Gentiloni.

O comissário salientou também que a França é dos países que, em conjunto com Portugal e Espanha, saiu de situação de desequilíbrio macroeconómico.

No caso português, a Comissão considerou que diminuíram as vulnerabilidades detetadas neste mecanismo de alerta, que também integra o ciclo de Semestre Europeu e que resulta em avaliações aprofundadas e recomendações específicas. Estas avaliações têm em conta, por regra, a posição externa do país em aspectos como o investimento internacional, com alertas recentes também para o riscos decorrentes da evolução ds preços da habitação em Portugal.

Na justificação para a retirada do mecanismo de alerta, contudo, terá pesado uma avaliação mais "qualitativa" da melhoria da situação orçamental e económica de Portugal, segundo indicou o vice-presidente da Comissão, Valdis Dombrovskis, em resposta a questões levantadas pelos jornalistas presentes na conferência de imprensa. 

"Está ligado - mas não apenas - a um desempenho orçamental muito forte em Portugal. Portugal está com excedente orçamental, o que não é frequente, como sabemos, e o rácio da dívida em relação ao PIB está a cair rapidamente. No próximo ano, prevemos já 91,5% do PIB de dívida pública", salientou o responsável do executivo europeu.
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