Notícia
Brasileiros e espanhóis juntam-se para controlar a EDP
Parpública escolhe hoje finalistas para a privatização. No Brasil já não há dúvidas: a Eletrobras aliou-se à Iberdrola para mandar na EDP. Cemig deve ficar fora.
12 de Dezembro de 2011 às 23:30
A brasileira Eletrobras tem um plano de controlo para a EDP que inclui o maior accionista privado da empresa portuguesa: os espanhóis da Iberdrola, detentores de 6,79%. A notícia foi ontem dada pelo jornal brasileiro "Valor Económico" e confirmada pelo Negócios junto de fontes próximas do Governo de Dilma Rousseff. Se a Eletrobras vencer a privatização da EDP, o controlo fica assegurado.
O jornal brasileiro avança que a Iberdrola irá controlar 60% da brasileira Neoenergia (onde tem hoje 39%). O negócio levará o Banco do Brasil a sair desta empresa, onde entrará o Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES), que está a financiar a Eletrobras na corrida pela EDP.
"Se a estatal federal [Eletrobras] vencer a licitação [pela EDP], os planos são buscar parceria justamente com a Iberdrola para controlar de facto a empresa portuguesa", escrevia ontem o "Valor Económico", referindo que o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, se encontrou há duas semanas em Lisboa com o CEO da Iberdrola, Ignacio Galán.
Eletrobras quer mudanças na EDP
O Negócios sabe que a proposta da Eletrobras para a EDP impõe como condições que o limite dos direitos de voto na EDP suba dos actuais 20% para 32% (e não para 25%, como o Governo estará disposto a fazer) e que a empresa esteja livre para fazer acordos parassociais com outros accionistas. Dessa forma, brasileiros e espanhóis poderiam actuar em bloco na EDP, pondo fim ao "vazio de poder" da Iberdrola.
A Parpública deverá hoje definir quais os candidatos que passam à negociação directa pela EDP. As ideias da Eletrobras poderão enfraquecer a sua proposta, já que um dos critérios de selecção das propostas na privatização era não haver, por parte dos candidatos, condicionantes.
E.ON põe a tónica no negócio das energias renováveis
A E.ON apresentou à Parpública uma proposta que está longe de ser a mais interessante para o Estado na óptica do encaixe financeiro, mas os alemães têm nesta privatização outros argumentos que os podem colocar na fase final do processo.
O interesse da E.ON no negócio de energias renováveis da EDP poderá levar o grupo presidido por Johannes Teyssen a firmar uma parceria com a EDP que reforce a capacidade de expansão da eléctrica nacional nesta área, ao mesmo tempo que ampliará a presença internacional da E.ON. Por outro lado, os alemães podem convencer o Governo através da sua solidez financeira. Garantiram ter mais de sete mil milhões de euros imediatamente disponíveis para pagar a oferta pela EDP e a sua experiência de redução de dívida (que desceu quase 10 mil milhões em apenas um ano) pode ser um trunfo para fazer o mesmo na EDP.
China Three Gorges lança-se à EDP com a bandeira do capital
Da Ásia vem a mais forte oferta financeira pela EDP. Mas irá a bandeira do capital da China Three Gorges sobrepor-se ao argumento que se vem levantando pelo facto de vender a EDP à Three Gorges ser, na prática, transferir o controlo do Estado português para o Estado chinês?
A gestora da maior barragem do mundo tem a seu favor (além da experiência hidroeléctrica) a capacidade de não só financiar a EDP como também de trazer, a reboque, mais capital chinês para a economia portuguesa. A promessa de construção de uma fábrica de turbinas eólicas com exportações estimadas em 500 milhões de euros por ano pode ser outro ponto a favor da China Three Gorges. A vitória na privatização marcaria um importante reforço da cooperação sino-portuguesa, depois de a Galp Energia ter cedido 30% da Petrogal Brasil à Sinopec, num dos maiores negócios do ano.
Eletrobras procura via para crescer dentro e fora do Brasil
A brasileira Eletrobras assumiu desde cedo o seu interesse pela EDP. Sócia da eléctrica portuguesa em vários projectos no Brasil, a Eletrobras partiu para esta privatização com a vantagem natural de já ter uma experiência de parcerias com a EDP, onde pode haver um reforço caso a Eletrobras consiga ficar com os 21,35% que o Estado está a vender.
Ontem o presidente da Eletrobras, José Carvalho Neto, assumia ao "Diário Económico" querer uma parceria "de longo prazo" com a EDP, mas admitia também o interesse da sua empresa em ficar com o negócio de produção hidroeléctrica da EDP e com alguns activos de distribuição no Brasil. A estratégia de "retalhar" a eléctrica portuguesa pode jogar contra a Eletrobras, assim como a criação de condições para o negócio com a Parpública, como a subida do limite de direitos de voto de 20% para 32%, por exemplo.
Cemig quer ganhar escala com a maior eléctrica portuguesa
A Cemig é um dos candidatos de que menos se sabe, no que respeita ao projecto para a EDP. Ao comunicar a entrega da proposta na privatização a Cemig disse que serão criadas duas empresas fora do Brasil como veículo para a aquisição dos 21,35% da EDP, reafirmando o seu compromisso de "buscar oportunidades de investimento" que preencham os requisitos de rentabilidade fixados pelos seus accionistas.
"É um movimento estratégico para nós", disse Djalma Morais, administrador da Cemig, ao jornal "Brasil Económico". Mas se é notório que a presença internacional e a dimensão da EDP são uma via rápida para a Cemig crescer, não fica tão claro que vantagens a própria EDP poderá tirar de ter a Cemig como maior accionista.
O jornal brasileiro avança que a Iberdrola irá controlar 60% da brasileira Neoenergia (onde tem hoje 39%). O negócio levará o Banco do Brasil a sair desta empresa, onde entrará o Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES), que está a financiar a Eletrobras na corrida pela EDP.
Eletrobras quer mudanças na EDP
O Negócios sabe que a proposta da Eletrobras para a EDP impõe como condições que o limite dos direitos de voto na EDP suba dos actuais 20% para 32% (e não para 25%, como o Governo estará disposto a fazer) e que a empresa esteja livre para fazer acordos parassociais com outros accionistas. Dessa forma, brasileiros e espanhóis poderiam actuar em bloco na EDP, pondo fim ao "vazio de poder" da Iberdrola.
A Parpública deverá hoje definir quais os candidatos que passam à negociação directa pela EDP. As ideias da Eletrobras poderão enfraquecer a sua proposta, já que um dos critérios de selecção das propostas na privatização era não haver, por parte dos candidatos, condicionantes.
E.ON põe a tónica no negócio das energias renováveis
A E.ON apresentou à Parpública uma proposta que está longe de ser a mais interessante para o Estado na óptica do encaixe financeiro, mas os alemães têm nesta privatização outros argumentos que os podem colocar na fase final do processo.
O interesse da E.ON no negócio de energias renováveis da EDP poderá levar o grupo presidido por Johannes Teyssen a firmar uma parceria com a EDP que reforce a capacidade de expansão da eléctrica nacional nesta área, ao mesmo tempo que ampliará a presença internacional da E.ON. Por outro lado, os alemães podem convencer o Governo através da sua solidez financeira. Garantiram ter mais de sete mil milhões de euros imediatamente disponíveis para pagar a oferta pela EDP e a sua experiência de redução de dívida (que desceu quase 10 mil milhões em apenas um ano) pode ser um trunfo para fazer o mesmo na EDP.
China Three Gorges lança-se à EDP com a bandeira do capital
Da Ásia vem a mais forte oferta financeira pela EDP. Mas irá a bandeira do capital da China Three Gorges sobrepor-se ao argumento que se vem levantando pelo facto de vender a EDP à Three Gorges ser, na prática, transferir o controlo do Estado português para o Estado chinês?
A gestora da maior barragem do mundo tem a seu favor (além da experiência hidroeléctrica) a capacidade de não só financiar a EDP como também de trazer, a reboque, mais capital chinês para a economia portuguesa. A promessa de construção de uma fábrica de turbinas eólicas com exportações estimadas em 500 milhões de euros por ano pode ser outro ponto a favor da China Three Gorges. A vitória na privatização marcaria um importante reforço da cooperação sino-portuguesa, depois de a Galp Energia ter cedido 30% da Petrogal Brasil à Sinopec, num dos maiores negócios do ano.
Eletrobras procura via para crescer dentro e fora do Brasil
A brasileira Eletrobras assumiu desde cedo o seu interesse pela EDP. Sócia da eléctrica portuguesa em vários projectos no Brasil, a Eletrobras partiu para esta privatização com a vantagem natural de já ter uma experiência de parcerias com a EDP, onde pode haver um reforço caso a Eletrobras consiga ficar com os 21,35% que o Estado está a vender.
Ontem o presidente da Eletrobras, José Carvalho Neto, assumia ao "Diário Económico" querer uma parceria "de longo prazo" com a EDP, mas admitia também o interesse da sua empresa em ficar com o negócio de produção hidroeléctrica da EDP e com alguns activos de distribuição no Brasil. A estratégia de "retalhar" a eléctrica portuguesa pode jogar contra a Eletrobras, assim como a criação de condições para o negócio com a Parpública, como a subida do limite de direitos de voto de 20% para 32%, por exemplo.
Cemig quer ganhar escala com a maior eléctrica portuguesa
A Cemig é um dos candidatos de que menos se sabe, no que respeita ao projecto para a EDP. Ao comunicar a entrega da proposta na privatização a Cemig disse que serão criadas duas empresas fora do Brasil como veículo para a aquisição dos 21,35% da EDP, reafirmando o seu compromisso de "buscar oportunidades de investimento" que preencham os requisitos de rentabilidade fixados pelos seus accionistas.
"É um movimento estratégico para nós", disse Djalma Morais, administrador da Cemig, ao jornal "Brasil Económico". Mas se é notório que a presença internacional e a dimensão da EDP são uma via rápida para a Cemig crescer, não fica tão claro que vantagens a própria EDP poderá tirar de ter a Cemig como maior accionista.