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BdP identifica “deterioração marcada” da atividade económica após confinamento
O Banco de Portugal lançou um novo indicador diário de atividade económica que aponta para uma "deterioração marcada durante a semana passada", após o início do confinamento. O novo indicador, que permitirá medir o pulso à atividade económica numa base diária, será conhecido todas as quintas-feiras.
O novo confinamento em Portugal, iniciado no passado dia 15 de janeiro, motivou uma forte deterioração da atividade económica no país, aponta o Banco de Portugal, a partir de um novo indicador lançado esta quinta-feira, 28 de janeiro, que permitirá avaliar os desenvolvimentos económicos de muito curto prazo.
No relatório hoje divulgado, o Banco de Portugal afirma que "após o início do confinamento decretado a 15 de janeiro, o indicador diário de atividade económica (DEI) aponta para uma deterioração marcada durante a semana passada".
Este indicador diário de atividade económica (DEI) incorpora um conjunto de informação de natureza quantitativa e frequência diária como tráfego rodoviário de veículos comerciais pesados nas autoestradas, consumo de eletricidade e de gás natural, carga e correio desembarcados nos aeroportos nacionais e compras efetuadas com cartões em Portugal por residentes e não residentes, de forma a "medir o pulso" à atividade económica numa base diária.
Neste primeiro relatório, o organismo liderado por Mário Centeno explica que a pandemia da covid-19 e as disrupções por ela provocadas na economia mundial "tornaram premente recorrer a dados de alta frequência para captar os desenvolvimentos económicos de muito curto prazo".
"Neste contexto e para dotar o público de mais um instrumento de acompanhamento da economia portuguesa, o Banco de Portugal lança hoje um indicador diário de atividade económica (DEI)", conclui o banco central, que irá divulgar o novo indicador todas as quintas-feiras, com informação até ao domingo precedente.
O novo confinamento, que está na origem da deterioração da atividade identificada pelo Banco de Portugal, já levou os economistas da Católica a reverem em baixa as estimativas para o PIB em 2021. A mais recente atualização do NECEP aponta para uma "contração de 2%" da economia portuguesa, uma revisão em baixa de 4,5 pontos percentuais face à anterior projeção do instituto.
Uma nova queda do PIB este ano não está nos planos do governo nem de nenhuma outra entidade que divulgou até agora previsões sobre a evolução da economia portuguesa. No quadro macroeconómico que acompanhou a proposta do Orçamento do Estado para 2021, o Governo mostrou-se confiante num crescimento de 5,4% da economia.
"A razão principal para esta revisão é a entrada em vigor de um regime de confinamento severo anunciado pelo Governo a 13 de janeiro. Aquilo que era um evento de probabilidade importante, mas baixa, tornou-se uma certeza", referem os economistas na nota divulgada na semana passada.