Notícia
Bancos apertam no crédito concedido às famílias e empresas
A banca tornou-se mais restritiva na concessão de empréstimos às empresas e famílias no último trimestre de 2003. As instituições financeiras justificam o aperto com os “riscos associados à conjuntura económica deprimida” e o “elevado grau de endividament
A banca tornou-se mais restritiva na concessão de empréstimos às empresas e famílias no último trimestre de 2003. As instituições financeiras justificam o aperto com os "riscos associados à conjuntura económica deprimida" e o "elevado grau de endividamento" dos agentes.
Para o trimestre em curso, os bancos não vão alterar significativamente os seus critérios de concessão de empréstimos. Essas são as principais conclusões do inquérito trimestral conduzido pelo Banco de Portugal junto dos "cinco maiores grupos" financeiros", realizado simultaneamente no conjunto da Zona Euro.
A evolução no sentido de maior restritividade em Portugal contrasta com a verificada em média na União Monetária. O relatório do Banco Central Europeu (BCE) sobre as condições de crédito praticadas na economia dos "Doze" diz que, "em geral, os resultados de Janeiro de 2004 (...) mostram um contínuo decréscimo na percentagem líquida de bancos a indicarem um aperto nos critérios de concessão de empréstimos às empresas nos últimos três meses. Ao mesmo tempo, a percentagem líquida de bancos a declararem um aperto nos critérios de concessão aplicados à aprovação de empréstimos às famílias permaneceu baixo".
Em Portugal, o aumento da restritividade, embora seja generalizado às empresas e famílias, foi "mais significativo" neste último segmento, "sobretudo" na concessão de crédito para a compra de habitação.
"A maior restritividade de critérios", diz o relatório do Banco de Portugal, "traduziu-se no aumento significativo dos ‘spreads’ (que terá sido considerável no caso dos empréstimos de maior risco), numa maior exigência de garantias, quer para as empresas, quer para as famílias, e no caso das empresas, também no reforço das condições contratuais não pecuniárias".
Se a oferta foi restringida, de acordo com a própria avaliação dos bancos, já a procura se expandiu, no caso das empresas, embora apenas "ligeiramente". Mas a maior procura de crédito foi essencialmente motivada pelas necessidades de financiamento das existências, do fundo de maneio e para efeitos de restruturação de dívida. O financiamento do investimento, esse, continua por vir, dizendo o Banco de Portugal que esse factor se limitou a apresentar "um menor contributo negativo para a redução da procura de crédito por parte das empresas do que nos restantes trimestres do ano".
No caso da procura de crédito para financiamento da compra de habitação não se registaram alterações de monta, "apesar dos bancos inquiridos terem reportado a deterioração da confiança dos consumidores e das suas expectativas quanto ao mercado de habitação".
Mas o nível das taxas de juros e a "oferta de produtos mais adequados às necessidades dos clientes" terá compensado esse factor de contenção do lado da procura. Redução mesmo, só se registou na procura de crédito para o consumo e outros fins.