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Advogado de Miguel Reis considera "chocante" decisão de manter ex-autarca em prisão preventiva

Miguel Reis, que presidia à Câmara Municipal de Espinho (distrito de Aveiro), foi um dos cinco detidos na terça-feira no âmbito da Operação Vórtex.

Miguel Reis, antigo presidente da Câmara Municipal de Espinho (distrito de Aveiro), foi um dos cinco detidos no âmbito da Operação Vórtex.
D.R.
14 de Janeiro de 2023 às 14:59
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O advogado do ex-autarca de Espinho arguido na Operação Vórtex diz que a decisão de manter Miguel Reis em prisão preventiva, a medida de coação mais gravosa, é "chocante" e que vai recorrer.

"Para a defesa é uma decisão chocante. Não conhecemos o teor da decisão, mas obviamente que vai ser interposto recurso", disse o advogado Nuno Brandão, à porta do Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto.

Miguel Reis, que presidia à Câmara Municipal de Espinho (distrito de Aveiro), foi um dos cinco detidos na terça-feira no âmbito da Operação Vórtex.

Em causa estão suspeitas de corrupção e de outros crimes económico-financeiros cometidos, alegadamente, "em projetos imobiliários e respetivo licenciamento, respeitantes a edifícios multifamiliares e unidades hoteleiras, envolvendo interesses urbanísticos de dezenas de milhões de euros, tramitados em benefício de determinados operadores económicos", segundo a Polícia Judiciária (PJ).

À porta do TIC do Porto, de onde Miguel Reis saiu cerca das 13:30 no carro da PJ, o advogado do ex-autarca anunciou que o recurso será interposto, mas não avançou com os fundamentos, mostrando-se revoltado com o facto de não ter tido acesso ao teor da decisão de hoje.

"Este tribunal decidiu sujeitar o arquiteto Miguel Reis a prisão preventiva. Foi uma decisão que só me foi comunicada, a mim e aos demais sujeitos processuais, por uma senhora funcionária. Foi-nos apenas dito as medidas de coação aplicadas. A senhora juíza não comunicou o teor da decisão. Não sabemos quais foram os perigos imputados. Não sabemos quais são os perigos que o tribunal entendeu como justificados para sustentar a medida de coação. Não sabemos nada", disse Nuno Brandão.

Para o advogado, não é "cogitável que alguém que renunciou às funções públicas revele um perigo de continuar a cometer crimes do exercício de funções públicas".

"É algo para mim incompreensível. Isto do ponto de vista da presunção da inocência é criticável e questionável", disse.

Nuno Brandão também aproveitou para falar dos prazos para decisão sobre os recursos, esperando que estes venham a ser cumpridos.

"A lei portuguesa prevê que os recursos sobre as medidas de coação sejam decididos no prazo de 30 dias desde que dão entrada no Tribunal da Relação. O que tem vindo a acontecer sistematicamente é os Tribunais da Relação ultrapassarem os prazos para a decisão desses recursos. Esperemos que neste caso -- estamos a falar de pessoas que estão presas -- a lei seja cumprida", concluiu.

Além da medida de coação aplicada a Miguel Reis, ficou hoje a saber-se que uma outra pessoa ficou em prisão preventiva, depois de os cinco arguidos terem sido presentes a primeiro interrogatório judicial no TIC, com o Ministério Público (MP) a promover, na sexta-feira, a aplicação da medida de coação de prisão preventiva a Miguel Reis e ao empresário José Pessegueiro.

Os outros três arguidos - o chefe da divisão do Urbanismo José Costa, um outro empresário e um arquiteto -- foram libertados na sexta-feira, disse então à agência Lusa fonte policial, acrescentando que poderiam ficar sujeitos a medidas de coação como a suspensão de funções -- no caso do funcionário da autarquia -- ou ao pagamento de uma caução.

Numa nota hoje distribuída aos jornalistas à porta do TIC, a instância judicial refere -- sem elementos que permitam a identificação dos arguidos - que dois deles ficaram em prisão preventiva, um ficou suspenso do exercício das funções públicas e um quarto ficou obrigado a pagar uma caução no valor de 60 mil euros, no prazo de 10 dias.

Um quinto arguido ficou com termo de identidade e residência, medida que já tinha sido aplicada a todos os suspeitos.

Além disso, a juíza de instrução criminal determinou que os arguidos não possam contactar uns com os outros nem com as testemunhas do processo.

Num comunicado divulgado na terça-feira, a PJ explicou que estas cinco pessoas foram detidas na sequência de cerca de duas dezenas de buscas, domiciliárias e não domiciliárias, que visaram os serviços de uma autarquia, residências de funcionários desta e diversas empresas sediadas nos concelhos de Espinho e Porto.

Miguel Reis foi ouvido na quinta-feira, durante quase cinco horas, no TIC do Porto, por suspeitas de corrupção ativa e passiva, prevaricação, abuso de poderes e tráfico de influências, revelou fonte judicial.

Nesse mesmo dia, o então autarca renunciou ao cargo de presidente da Câmara de Espinho, para o qual foi eleito pelo PS, em 2021, com 40,23% dos votos.

A operação da Polícia Judiciária, denominada Vórtex, contou com a presença de magistrados do Departamento de Investigação e de Ação Penal (DIAP) Regional Porto, investigadores e peritos financeiros da Diretoria do Norte, bem como de peritos informáticos de várias estruturas daquela polícia.
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