Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Acontecimento do ano: A justiça no fio do telefone

O Negócios elegeu os factos de 2009. A compra da espanhola Cintra Aparcamientos pela Emparque foi o negócio do ano. A Sonae SGPS foi eleita a acção de 2009 e explicamos a escolha da Justiça como tema do ano. Amanhã desvendamos a Personalidade Negócios de 2009.

17 de Dezembro de 2009 às 12:00
  • 1
  • ...
O Negócios elegeu os factos de 2009. A compra da espanhola Cintra Aparcamientos pela Emparque foi o negócio do ano. A Sonae SGPS foi eleita a acção de 2009 e explicamos a escolha da Justiça como tema do ano. Amanhã desvendamos a Personalidade Negócios de 2009.

De repente, a palavra corrupção entrou nas bocas do povo e não se fala de outra coisa. Subiu ao plenário do Parlamento, puxou dos galões e deu origem a sucessivos planos de combate, cada um com a sua cor política, capazes de pôr o PSD a apoiar o PCP, o CDS-PP a abster-se perante propostas do Bloco e o PS a ver aprovadas novas leis contra as quais antes se batia. O País entrou em ebulição e os portugueses, sempre tão brandos a julgar estas coisas, capazes até de eleger políticos suspeitos de meter dinheiro ao bolso, bradaram em coro: é preciso combatê-la.

A "culpa", ao que consta, é da própria Justiça, que trouxe para a ribalta processos como o "Face Oculta", com protagonistas de peso, entre presidentes de grandes empresas e banqueiros de sucesso. Sinal de vitória do sistema? É cedo para responder, já que, contas feitas, a procissão ainda vai no adro e nem se sabe se e quando chegará ao fim o "Face Oculta". Afinal, foi também este ano que se completou meia década sobre o início do julgamento do caso "Casa Pia", outro processo que também prometia tudo mudar.



São os paradoxos da Justiça portuguesa, cujos problemas de morosidade e burocracia há muito deixaram de ser novidade, mas que de tempos a tempos salta para a ribalta, sempre no fio da navalha e, este ano, também no... fio do telefone. Ou não tivessem sido as escutas a Armando Vara, as mesmas onde aparece também o primeiro-ministro, um dos pontos altos do ano judicial.

E Pinto Monteiro, Procurador-geral da República, viu-se enredado numa história ainda pouco clara de certidões, transcrições e despachos nunca revelados que puseram o País a discutir o assunto durante dias a fio. Não só porque era do primeiro-ministro que se tratava, mas também porque, afinal, o Ministério Público estava a trabalhar. É certo que o "Face Oculta" nem chegou ainda à fase da acusação, o "Freeport" também não, da "Operação Furacão" sabe-se apenas que a meada continua a ser desfeita pelos investigadores, mas, apesar de tudo isto, fica nas pessoas a sensação de que alguma coisa está a ser feita.

Mesmo sabendo-se que nada mudará num simples piscar de olhos e que não basta aprovar novas Leis anti-corrupção no Parlamento para que a Justiça comece de repente a funcionar na perfeição, sem ser preciso esperar anos e anos para que um processo transite em julgado. E um bom exemplo é o de Isaltino Morais, autarca e ex-ministro, condenado este ano por corrupção, mas com tempo para concluir mais um mandato à frente da Câmara de Oeiras, enquanto os recursos correm nos tribunais e se decide se ele é, efectivamente e em definitivo, culpado ou inocente.


Ver comentários
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio