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Patrick Drahi enfrenta primeiro teste com início de leilões da Sotheby’s
Na manhã em que o bilionário francês Patrick Drahi assumiu o controlo da Sotheby’s, o empresário enviou um email aos funcionários da casa de leilões, fundada há 275 anos, com uma mensagem de estabilidade.
"Com a minha família, estamos muito honrados e orgulhosos em assumir o controlo da Sotheby’s no longo prazo", salientou Drahi numa mensagem de 3 de outubro. "Vocês têm o meu total comprometimento e competência enquanto procuramos engrandecer a Sotheby’s pelos próximos 275 anos e além."
No dia anterior, Drahi havia dito a uma plateia de funcionários na sala de leilões do sétimo andar, na sede da empresa em Nova Iorque, que estavam a caminho cortes de custos significativos. No entanto, esses cortes não incluíam despedimentos, segundo duas pessoas que estiveram na reunião.
O clima de continuidade também ficou evidente na sua proposta a financiadores para a compra da casa de leilões, que foram informados sobre o plano do executivo de "manter a estratégia atual e de bom desempenho dos negócios".
A estratégia não tem o perfil de Patrick Drahi, que acumulou fortuna com aquisições alavancadas de empresas de comunicações em risco, impondo cortes profundos de custos, demissões, venda de ativos e estruturas complicadas de empréstimos, tudo com a nomeação de soldados de confiança para cargos importantes. O anúncio de que Charles Stewart se tornaria presidente da Sotheby’s é um excelente exemplo da última tática, dado o seu papel como diretor financeiro da Altice USA, uma empresa de telecomunicações controlada por Drahi.
Enquanto a Sotheby’s se prepara para iniciar os seus leilões de novembro com a venda de obras impressionistas e modernas, que incluem a "A Ponte de Charing Cross", de Claude Monet, o seu novo proprietário enfrenta um teste importante. A empresa espera que as vendas do mês mostrem uma queda de 25% na comparação anual. Isto pode significar ter de apertar os cintos. Mas, para que a empresa prospere a longo prazo, Drahi talvez precise de manter a promessa aos funcionários e procurar um manual diferente do usado por ele para construir o seu império.
"É óbvio que você não gere uma casa de leilões da mesma maneira que gere uma operadora de telecomunicações", afirmou Frederic Ichay, advogado de fusões e aquisições de tecnologia e telecomunicações em Paris. Por exemplo, reduzir a equipa para metade seria impensável, disse. "Casas de leilões normalmente levam anos para estabelecer vínculos duradouros com famílias com obras de arte para vender e potenciais famílias compradoras. Este é o coração do negócio."
Porta-vozes da Sotheby’s e de Drahi não quiseram comentar.
Embora o magnata franco-israelita, de 56 anos, tenha transformado um empréstimo estudantil de 9 mil dólares numa fortuna de 12 mil milhões de dólares ao longo da carreira, o empresário nunca teve uma forte presença no mundo da arte; portanto, a sua incursão na Sotheby’s apanhou a comunidade de surpresa. Além de oferecer uma maneira de garantir o seu legado, a compra ajudará a diversificar a fortuna de Drahi dos ativos de comunicação, que dominam as suas participações.
(Texto original: Billionaire’s Light-Touch Approach at Sotheby’s Faces First Test)