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Cinemateca em risco de fechar por falta de dinheiro
A Cinemateca Portuguesa, em Lisboa, corre o risco de fechar "se não houver injecção de dinheiro" em breve por parte da secretaria de Estado da Cultura, afirmou à agência Lusa a directora, Maria João Seixas.
"Precisamos de uma decisão até ao final do mês", alertou a directora, sublinhando que em causa está a salvaguarda do património do cinema português, nos arquivos em Bucelas (Loures), os salários de 71 trabalhadores, a programação e restantes actividades de funcionamento do Museu do Cinema.
O orçamento da Cinemateca não depende directamente do Orçamento Geral do Estado, mas provém da cobrança da taxa de 4% de exibição de publicidade nas televisões, cujas receitas são repartidas entre aquele organismo (20%) e o Instituto do Cinema e Audiovisual (80%).
Como a exibição de publicidade tem sofrido uma quebra acentuada nos canais de televisão por conta da crise económica e da retracção do sector, tal reflecte-se no orçamento da Cinemateca.
Contactada pela agência Lusa, a secretaria de Estado da Cultura remeteu explicações para quarta-feira.
Sem especificar quanto dinheiro é preciso para evitar o fecho da Cinemateca, Maria João Seixas manifestou-se sobretudo preocupada com o património fílmico, que poderá ficar em risco com a ausência de verbas.
Em Janeiro, a direcção alertou que o processo de preservação do acervo em película estava suspenso, que havia máquinas a precisar de manutenção e reparação e que os novos cofres de preservação, no ANIM - Arquivo Nacional de Imagens em Movimento (Bucelas) já não tinham capacidade de acolher mais colecções por falta de dinheiro para a compra de prateleiras.
Em Maio passado, a Cinemateca abdicou dos ciclos temáticos da programação por estar impedida de recorrer a "quaisquer cópias oriundas de fontes externas importadas pela própria Cinemateca, assim como a respectiva legendagem".
Na altura o impedimento estava relacionado com o despacho do então ministro das Finanças, Vítor Gaspar, "relativo aos compromissos financeiros dos organismos do Estado". Os "constrangimentos orçamentais", já várias vezes mencionados pela direcção, já tinham levado a Cinemateca a cortar na legendagem e nos modelos de divulgação da programação mensal.