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Cinco livros recomendados pelo FMI para descomplicar a economia

Em altura de férias, os editores da revista trimestral do Fundo Monetário Internacional (FMI) deixam cinco recomendações de leitura em que a economia é o prato forte.

22 de Agosto de 2021 às 14:00
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Os livros são uma boa companhia para as férias ou para ajudar a relaxar durante as folgas. Se está a gozar de um merecido descanso, saiba que há uma seleção de livros recomendados pelos editores da revista trimestral do Fundo Monetário Internacional (FMI) – Finance & Development  que o vão ajudar não só a refletir sobre o mundo que o rodeia, mas também a inspirar e motivar a ser um agente de mudança.

A lista de leituras recomendadas tira da estante temas tão atuais como controversos, como é o caso da discriminação de género. Por se tratar de livros recentemente lançados no mercado, algum deles ainda não foram publicados na versão em português. 


"Mulheres Invisíveis: como os dados configuram o mundo feito para os homens" de Caroline Criado Perez

Os telemóveis são demasiado grandes para as suas mãos? As horas de trabalho que faz a mais, semanalmente, não são reconhecidas nem valorizadas? Então, talvez seja por ser mulher. É com base nesta permissa que a jornalista e premiada defensora dos direitos das mulheres Caroline Criado Perez defende que há "um défice generalizado de dados sobre as mulheres", que tem levado à construção de um mundo de e para homens. Com isso, metade da população mundial é "sistematicamente" ignorada.

O livro, que chegou a Portugal em setembro do ano passado pela mão da editora Relógio D'Água, destaca, na visão da editora da revista do FMI Kalpana Kochhar, "a abordagem 'masculina, salvo indicação em contrário', de todos os aspetos da vida e o mito da 'universalidade masculina' não são maliciosas nem deliberadas, mas produto de um pensamento que existe há milénios".

Para que não faltem razões para considerar esta recomendação, saiba ainda que, segundo o jornal britânico "The Times", este livro "deveria fazer parte das estantes de qualquer legislador, político ou gestor."


"The Data Detective: Ten Easy Rules to Make Sense of Statistics" de Tim Harford

Considerado um dos maiores escritores contemporâneos sobre economia, Tim Harford propõe o uso de estatísticas de forma inteligente e animada, para mostrar que o que nos possa parecer mais complicado não precisa de ser algo chato e sombrio. Com este livro, Tim Harford volta, por isso, a fazer aquilo que faz de melhor: pegar nas ideias mais difíceis e simplificá-las para milhões de leitores, através da ciência e da psicologia.

Segundo o editor Louis Marc Ducharme, da revista do FMI, o livro lembra aos leitores "os principais passos a serem tomados ao analisar uma série de estatísticas, incluindo manter alguma distância para não sermos influenciados pelos nossos preconceitos e experiências pessoais, que podem não ser representativas; fazer uma pausa e refletir antes de chegar a uma conclusão; e, como um detetive faria, fazer perguntas simples (o que estamos tentando medir? Qual é a amostra ou universo usado?) para ter uma noção do contexto e da perspectiva".

Neste livro, são dez as "regras" que sugere para usar estatísticas e desfazer preconceitos, sublinhando que as estatísticas "são, no fundo, o comportamento humano visto pelo prisma dos números e, muitas vezes, a única maneira de compreender o que está a acontecer ao nosso redor". 


"Angrynomics" de Eric Longeman e Mark Blyth

"Apesar do que o título pode sugerir, Angrynomics é mais do que apenas raiva e economia", explica Antonio Spilimbergo, editor da revista Finance & Development. Eric Longeman e Mark Blyth tentam, com este livro lançado em plena pandemia, encontrar uma resposta para a pergunta: "Porque é que as medidas de stress e ansiedade estão a aumentar quando os economistas e políticos dizem que nunca estivemos tão bem?"

Numa altura em que a maioria da população vivencia um dia a dia cada vez mais incerto e injusto, Eric Longeman e Mark Blyth exploram a crescente onda de raiva, "às vezes, justa e útil, e, outras vezes, destrutiva e mal direcionada", e propõem soluções para um mundo cada vez mais polarizado e confuso. 

Antonio Spilimbergo explica ainda, na recomendação deste livro, que há três tópicos interrelacionados que são abordados pelos autores: "a história do capitalismo nos últimos 150 anos, a análise do descontentamento atual (a raiva) e um conjunto de propostas para o futuro".



"Rebellion, Rascals, and Revenue – Tax Follies and Wisdom Through the Ages" de Michael Keen e Joel Slemrod

O livro lançado em abril por Michael Keen e Joel Slemrod sugere uma revisita pela história da tributação de impostos, trazendo à memória alguns dos casos que se tornaram célebres por terem "tanto de absurdos como de dramáticos". É o caso do imposto que os britânicos queriam cobrar sobre umas cabanas na Serra Leoa, em 1898, e que desencadeou uma rebelião. Como resultado, os britânicos acabaram por queimar as próprias cabanas que pretendiam taxar e, como resultado, o imposto deixou de ter sentido. 

O livro relata ainda outros casos mais conhecidos como o Boston Tea Party e os escândalos dos Panama Papers, e outros menos conhecidos como é o caso do imposto inca que podia ser pago em piolhos. Mostra ainda que os sistemas tributários antigos têm mais em comum com os atuais do que possamos imaginar. 

"Este é um achado raro que pode e deve ser lido e apreciado não apenas por especialistas, mas por qualquer pessoa que já teve dúvidas sobre tributação", diz Richard Bird, editor da revista do FMI, na sua análise. "Como mostram Michael Keen (do FMI) e Joel Slemrod (da Universidade de Michigan), 'impostos somos nós' no sentido em que eles mudam e se desenvolvem com o tempo".


"Boom and Bust: A Global History of Financial Bubbles" de William Quinn e John D. Turner

Certamente já ouvir falar sobre as bolhas financeiras, mas sabe porque é que aconteceram e quais as consequências económicas que podem ter? Para explicar porque é que as bolsas de valores e o setor imobiliário são presas fáceis para booms surpreendentes, seguidos de quedas significativas, William Quinn e John D. Turner levam-nos num passeio pela história das bolhas financeiras: Paris e Londres em 1720, América Latina na década de 1820, Nova Iorque na década de 1920, Tóquio na década de 1980, ou Xangai na década de 2000. 

Ao longo da "viagem" vai perceber porque é que algumas dessas bolhas tiveram consequências económicas catastróficas e outras conseguiram beneficiar a sociedade.

"Do Mississippi e das bolhas do Mar do Sul no início de 1700 ao subprime e aos excessos chineses dos anos 2000, Boom and Bust: A Global History of Financial Bubbles fornece um guia fascinante através de uma jornada histórica de crises financeiras especulativas", indica o editor da revista Finance & Development Fabio Natalucci.

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