"Decidi, em conjunto com os restantes elementos da equipa de gestão da EFP [Eugster Frismag Portugal], proceder ao reinício da actividade da EFP no próximo dia 31 de março", lê-se na missiva que Christoph Keller, o COO ("chief operating officer") do grupo suíço, escreveu aos mais de mil trabalhadores da empresa de Torres Vedras.

"Sim, a fábrica reabriu", confirmou a responsável da Eugster Frismag que atendeu o telefonema do Negócios, na manhã desta terça-feira, 31 de março.

Uma reabertura que deixa os trabalhadores bastante preocupados, com muitos deles a manifestar nas redes sociais que estão com medo de voltar à fábrica, que tinha fechado no dia 20 após ter sido confirmado que o seu director-geral, João Cachatra, tinha sido infectado com a covid-19, e apelam às autoridades de saúde para que a EFP não se mantenha em funcionamento.

"O engenheiro João Cachatra esteve num primeiro período isolado em casa a monitorizar a evolução da doença, tendo posteriormente apresentado sintomas adicionais, havendo a necessidade de ser hospitalizado. A sua situação é delicada mas não grave, encontrando-se estável", informa o COO do grupo suíço.

Na mesma circular interna, Christoph Keller garante que "quer ele [João Cachatra] quer todas as pessoas que contactaram directamente com ele ficaram em isolamento social, logo que a situação foi detectada", e que "este caso é o único registado até agora na EFP, e todos os colegas que estiveram a cumprir o período de isolamento não apresentam qualquer infecção, tendo alguns sido testados e apresentado negativo para covid-19".

De acordo com as ordens da casa-mãe suíça, "no dia 31 de março de manhã estará presente na fábrica uma equipa que se encarregará de garantir as condições necessárias, no âmbito do exposto no plano de contingência para a covid-19, para que se efetue o arranque às 14h", pelo que só na tarde deste dia é que se confirmará o nível de adesão dos trabalhadores à chamada da administração para o reinício da actividade.

De resto, Keller deixa um apelo aos trabalhadores para que se restrinja "ao máximo" as suas deslocações "para outros locais que não a nossa casa ou o trabalho", pois que, defende, "ao fazê-lo estaremos a proteger os nossos empregos em Portugal e demonstraremos solidariedade para com os colegas neste momento difícil".

No início deste mês, a EFP, que é a maior empregadora do concelho de Torres Vedras, tinha anunciado que iria despedir entre 40 e 50 dos seus 1.060 trabalhadores, até ao final de março, alegando a redução de encomendas e de faturação, com a rescisão do contrato com um cliente, que representada 14% das suas vendas.

A EFP, que se instalou em Torres Vedras nos finais dos anos 80 do século passado, facturou 118 milhões de euros no ano passado com o fabrico de pequenos eletrodomésticos, em grande parte máquinas de café.

Com sede em Amriswil, na Suíça de língua alemã, o grupo Eugster/Frismag, cuja actividade inicial remonta a 1976, quando o seu fundador, Arthur Eugster, criou uma empresa ligada à fabricação de pequenos electrodomésticos, tem também três fábricas na Suíça e outra na China.

(Notícia atualizada às 8:54)