Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Sequelas duradouras da covid-19 aumentam custo económico da pandemia

Antes de contrair a covid-19, em março, Daniela Alves, de 31 anos, fazia horas extraordinárias regularmente para acelerar a sua carreira em Londres como criadora de aplicações para smartphone. Atualmente, tem dificuldades nas reuniões com clientes e conta que a fadiga persistente reduziu a sua produtividade para metade.

Reuters
29 de Agosto de 2020 às 18:00
  • 1
  • ...

"Eu era muito forte antes, mas agora as coisas estão diferentes," disse Daniela Alves numa conversa pelo Zoom, parando frequentemente para recuperar o fôlego ou tossir. "Tenho dificuldades, em termos físicos, e estou a encarar a vida de uma forma diferente".

Daniela teve de ficar afastada do trabalho durante três meses, embora o seu caso considerado "leve" não tenha exigido hospitalização. Os efeitos prolongados da covid-19 colocam a jovem entre uma fatia crescente da população que sobreviveu à doença, mas carrega condições debilitantes que representam outra dimensão traiçoeira da pandemia.

A SARS-CoV-2 deixará uma parte das mais de 23 milhões de pessoas com casos confirmados da doença com uma variedade de problemas físicos, cognitivos e psicológicos, incluindo cicatrizes pulmonares, fadiga pós-viral e lesões cardíacas crónicas. O que ainda não se sabe é por quanto tempo essas condições duradouras pesarão sobre os sistemas de saúde e sobre a mão-de-obra.

Esse fardo pode arrastar o impacto económico da pandemia por gerações, elevando o seu custo global já sem precedentes. À medida que as autoridades em todo o mundo tentam conter a propagação do vírus, investigadores da Universidade Nacional Australiana estimam que esse custo pode chegar a 35,3 biliões de dólares até 2025.

"No fim de contas, as consequências para a saúde no longo prazo são muito sérias para o bem-estar das pessoas e em termos económicos", disse Hannes Schwandt, professor assistente de políticas educacionais e sociais da Universidade Noroeste em Evanston, no estado americano do Illinois. "Mas ainda não sabemos o suficiente sobre isso".

Embora não seja claro quantos sobreviventes sofrem sequelas duradouras, um estudo no Reino Unido com mais de 4 milhões de participantes concluiu que uma em cada 10 pessoas fica doente durante pelo menos três semanas. Indivíduos com casos leves da covid-19 são mais propensos a sentir sintomas "estranhos", que vão e voltam durante um período mais longo, de acordo com Tim Spector, professor de epidemiologia genética da King’s College em Londres, que lidera o estudo.

"Quanto mais aprendemos sobre o coronavírus, mais estranho se torna", acrescentou.

A situação clínica ainda em evolução, a falta de acompanhamento dos pacientes e dados incompletos sobre o número de pessoas infetadas pela covid-19 dificultam as previsões sobre as consequências económicas e de saúde da pandemia no longo prazo, explica Christopher J. Murray, diretor do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde da Universidade de Washington em Seattle.

Essa informação será crítica para antecipar e custear as necessidades futuras dos sistemas de saúde, disse Thomas File, presidente da Sociedade de Doenças Infecciosas dos EUA.

Ver comentários
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio