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Sequelas duradouras da covid-19 aumentam custo económico da pandemia
Antes de contrair a covid-19, em março, Daniela Alves, de 31 anos, fazia horas extraordinárias regularmente para acelerar a sua carreira em Londres como criadora de aplicações para smartphone. Atualmente, tem dificuldades nas reuniões com clientes e conta que a fadiga persistente reduziu a sua produtividade para metade.
"Eu era muito forte antes, mas agora as coisas estão diferentes," disse Daniela Alves numa conversa pelo Zoom, parando frequentemente para recuperar o fôlego ou tossir. "Tenho dificuldades, em termos físicos, e estou a encarar a vida de uma forma diferente".
Daniela teve de ficar afastada do trabalho durante três meses, embora o seu caso considerado "leve" não tenha exigido hospitalização. Os efeitos prolongados da covid-19 colocam a jovem entre uma fatia crescente da população que sobreviveu à doença, mas carrega condições debilitantes que representam outra dimensão traiçoeira da pandemia.
A SARS-CoV-2 deixará uma parte das mais de 23 milhões de pessoas com casos confirmados da doença com uma variedade de problemas físicos, cognitivos e psicológicos, incluindo cicatrizes pulmonares, fadiga pós-viral e lesões cardíacas crónicas. O que ainda não se sabe é por quanto tempo essas condições duradouras pesarão sobre os sistemas de saúde e sobre a mão-de-obra.
Esse fardo pode arrastar o impacto económico da pandemia por gerações, elevando o seu custo global já sem precedentes. À medida que as autoridades em todo o mundo tentam conter a propagação do vírus, investigadores da Universidade Nacional Australiana estimam que esse custo pode chegar a 35,3 biliões de dólares até 2025.
"No fim de contas, as consequências para a saúde no longo prazo são muito sérias para o bem-estar das pessoas e em termos económicos", disse Hannes Schwandt, professor assistente de políticas educacionais e sociais da Universidade Noroeste em Evanston, no estado americano do Illinois. "Mas ainda não sabemos o suficiente sobre isso".
Embora não seja claro quantos sobreviventes sofrem sequelas duradouras, um estudo no Reino Unido com mais de 4 milhões de participantes concluiu que uma em cada 10 pessoas fica doente durante pelo menos três semanas. Indivíduos com casos leves da covid-19 são mais propensos a sentir sintomas "estranhos", que vão e voltam durante um período mais longo, de acordo com Tim Spector, professor de epidemiologia genética da King’s College em Londres, que lidera o estudo.
"Quanto mais aprendemos sobre o coronavírus, mais estranho se torna", acrescentou.
A situação clínica ainda em evolução, a falta de acompanhamento dos pacientes e dados incompletos sobre o número de pessoas infetadas pela covid-19 dificultam as previsões sobre as consequências económicas e de saúde da pandemia no longo prazo, explica Christopher J. Murray, diretor do Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde da Universidade de Washington em Seattle.
Essa informação será crítica para antecipar e custear as necessidades futuras dos sistemas de saúde, disse Thomas File, presidente da Sociedade de Doenças Infecciosas dos EUA.
“Anybody who needed to be hospitalized or needed intensive care support will suffer disability afterwards.”
— Bloomberg QuickTake (@QuickTake) August 10, 2020
Australia’s @SVHSydney is studying the long-term impacts of #Covid19. More @business: https://t.co/Gd5ftgkZM3 pic.twitter.com/cAz213bWp2
#COVID19 is this generation's polio. Patients have mild, moderate and severe illness
— Prof. Nicholas Hart (@NickHartThorax) March 29, 2020
Large numbers of patients will have physical, cognitive and psychological disability post critical illness that will require longterm management
We must plan ahead#recovery #rehabiliation