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Restaurantes travam covid-19 com “take away” e entregas ao domicílio
Tentando mitigar a quebra nas receitas, que em alguns casos já superam os 70%, o setor da restauração procura alternativas para chegar aos clientes, reforçando stocks de embalagens e colocando funcionários noutras funções.
O Piccolo e a Pizzaria Famiglia, em Leça do Balio, são apenas dois dos restaurantes que já optaram por encerrar ao público até 31 de março para proteger a saúde de funcionários e clientes devido à pandemia da covid-19. E à imagem de outros, arrancou esta terça-feira, 17 de março, com o serviço de "take away" de pizas, massas e sandes.
"Fizemo-lo de forma de conseguir servir, de alguma forma, os nossos clientes. Os espaços físicos estão fechados e alargámos as entregas a vários produtos, ao almoço e ao jantar", disse Mónica Pereira, em declarações ao Negócios. Com um total de 25 funcionários, o grupo de Matosinhos já está também a equacionar fazer entregas ao domicílio.
No início desta semana, os restaurantes e os cafés passaram a funcionar com limitações, como a ocupação limitada a um terço da capacidade. A portaria publicada pelo Governo recomenda que os proprietários façam "uma gestão equilibrada dos acessos de público" e monitorizem as "recusas de acesso", para que seja evitada "a concentração de pessoas à entrada dos estabelecimentos".
Jorge Santos, que é dono dos cinco restaurantes da marca bbgourmet no Porto, suspendeu nesse dia o serviço de sala, mas manteve todas as cozinhas em funcionamento, operando nos regimes de comida para fora e de entregas em casa (até 20 quilómetros da zona da Boavista), que antes desta crise já valiam cerca de 20% da faturação.
Em declarações ao Negócios, o empresário nortenho indicou que "todos os funcionários que têm carta de condução passaram para as entregas" e que o stock de embalagens em papel kraft foi mesmo triplicado para assegurar o crescimento deste segmento de atividade. Em virtude desta crise de saúde pública, calculou, a quebra nas vendas ronda os 70% face ao registo habitual no grupo.
Também a portuense Le Coq Frangaria reforçou em quantidade e em qualidade as embalagens descartáveis que usa para transportar comida. João Lopes Martins, um dos sócios desta espécie de churrasqueira gourmet estima uma redução de receitas entre 30% a 40% até ao momento, mas prevê que "conseguindo estar abertos, as soluções de ‘take away’ poderão vir a ter maior solicitaçãoo nas próximas semanas".
No Facebook, vários negócios da restauração estão a comunicar aos clientes o lançamento de novos serviços, adaptando-se às circunstâncias. É o caso do restaurante de comida brasileira Capim Dourado, localizado também na cidade Invicta, que passou a fazer entregas ao domicílio, ou do Portuguesia, em Vila do Conde, que anunciou a disponibilidade deste serviço.
Admitindo que os despedimentos serão "inevitáveis", a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) já entregou ao Ministério da Economia mais de 40 propostas, como a isenção de impostos e mil euros por trabalhador, visando amenizar a perda de faturação do setor durante a crise do novo coronavírus.