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OMS: Mundo numa "fase muito perigosa" com covid-19 a acelerar

O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou hoje que a pandemia de covid-19 está a acelerar e que o mundo está agora "numa fase muito perigosa".

EPA/Salvatore Di Nolfi
19 de Junho de 2020 às 18:38
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Falando numa conferência de imprensa online a partir da sede da organização, em Genebra, o responsável disse que só na quinta-feira foram comunicados à OMS mais 150.000 novos casos de infeção por covid-19, o valor mais elevado até agora.

Desse total "praticamente dois terços" tiveram origem no continente americano, com muitos casos também no sul da Ásia e no Médio Oriente, explicou.

"O mundo está numa nova fase muito perigosa. Muitas pessoas estão muito cansadas de ficar em casa, os países querem reabrir as suas sociedades e economias, mas o vírus continua a ser transmitido de forma rápida, continua mortal, e as pessoas continuam expostas", alertou Tedros Adhanom Ghebreyesus.

O diretor-geral da OMS pediu às pessoas e aos países para que continuem vigilantes e pediu que se mantenham os princípios básicos do distanciamento físico, de se ficar em casa se houver suspeitas de doença, de se cobrir a boca e o nariz em caso de tosse ou espirro, de se usar máscara quando for necessário e de se higienizar as mãos.

"Continuamos a pedir a todos países que se centrem nas medidas básicas, encontrar, isolar, testar e tratar os casos. E fazer o rastreamento de todos os contactos", acrescentou.

Lembrando que no sábado se assinala o Dia Mundial dos Refugiados o responsável máximo da OMS salientou que o novo coronavirus é um risco acrescido para povos mais vulneráveis, que estão mais suscetíveis ao vírus, já que têm acesso limitado a água e têm problemas de nutrição, além de os sistemas de saúde locais serem mais frágeis.

Segundo o responsável, cerca de 80% dos refugiados em todo o mundo e praticamente todos os deslocados estão em países de baixo ou médio rendimento.

A OMS, disse, está "muito preocupada" com o perigo de o vírus se disseminar em campos de refugiados.

Filippo Grandi, alto comissário das Nações Unidas para os refugiados, também presente na conferência de imprensa, partilhou da mesma preocupação, embora acrescentando que até agora não houve grandes surtos de covid-19 em campos de refugiados.

O responsável disse que aumentou o número de deslocados no mundo nos últimos dois anos e que há 80 milhões de pessoas deslocadas, o que mostra "que 01% da humanidade vive hoje em situação de exílio forçado".

E deixou ainda outro dado, ao lembrar que mais de 40% dos refugiados e deslocados tem menos de 18 anos.

Ressurgimento de focos de infeções não são segunda vaga

 

O surgimento de novos focos de infeção por covid-19, como o detetado recentemente num mercado grossista em Pequim, não significa necessariamente que esteja a surgir uma segunda vaga da pandemia, disseram hoje especialistas da OMS.

 

Numa conferência de imprensa 'online' a partir da sede da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Genebra o diretor para as emergências em saúde, Mike Ryan, disse que não se trata de uma segunda vaga porque não há uma transmissão comunitária generalizada.

 

"Por vezes há casos esporádicos que ao serem investigados levam a novos focos, em situações de eventos de contágio massivo ligados a concentrações em recintos fechados. Devem vigiar-se para evitar um segundo pico de infeção e voltar a ter de se recorrer a confinamentos", disse o responsável da OMS.

 

Mike Ryan frisou que novos focos de contágio como os detetados na Alemanha, Singapura, China ou Coreia do Sul, entre outros países, "não são uma segunda vaga", já que não têm que estar associados a uma transmissão comunitária geral, a fase mais grave de uma epidemia.

 

"Deve-se mostrar habilidade e rapidez no uso dos dados destes focos de contágio, tomar medidas de diagnóstico e seguimento dos casos, junto a outras de distanciamento físico, para fazer o máximo possível com um mínimo de interrupção da vida social", explicou.

 

O responsável da OMS acrescentou que quando se regista um novo aumento de casos depois de uma estabilização em baixa deve-se falar mais de "segundos surtos" do que de segundas vagas, o que não elimina o risco de haver ressurgimentos da pandemia no outono, ou mais tarde.

 

"Não devemos surpreender-nos com um possível ressurgimento de casos, pois as pessoas ainda continuam em risco de contrair o vírus, e se este tiver oportunidade de regressar vai fazê-lo", disse a responsável da OMS pelas novas doenças, Maria Van Kerkhove.

 

A especialista insistiu que os países devem levantar com cuidados as medidas de prevenção e reativá-las rapidamente se tal for necessário.

 

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 454 mil mortos e infetou mais de 8,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

 

Em Portugal, morreram 1.527 pessoas das 38.464 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

 

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

 

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