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Nobel da Economia alerta para riscos de imposto sobre fortunas para pagar a crise
Impostos sobre os que mais ganham seriam "muito difíceis de implementar" e dariam aos ricos "enormes incentivos para os evitar, argumenta Angus Deaton, professor da Universidade de Princeton.
Para o economista vencedor do Prémio Nobel, Angus Deaton, um imposto sobre fortunas não é uma boa forma de pagar as dívidas da pandemia e, provavelmente, se for introduzido passará a ser permanente.
Impostos sobre os que mais ganham seriam "muito difíceis de implementar" e dariam aos ricos "enormes incentivos para os evitar - e irão evitá-los", disse Deaton, professor da Universidade de Princeton que prepara um estudo oficial sobre desigualdade no Reino Unido.
Um número crescente de políticos pede que os mais ricos assumam uma maior fatia do fardo do endividamento recorde assumido por governos para sustentar as economias atingidas pela Covid-19. O Fundo Monetário Internacional disse que um imposto temporário ajudaria a aliviar as desigualdades sociais que se agravaram na pandemia.
O autor do livro "Deaths of Despair", que escreveu em coautoria com a esposa, a economista Anne Case, disse em entrevista que um imposto único sobre a riqueza "provavelmente será permanente", assim como aconteceu com o imposto sobre os rendimentos. O Reino Unido introduziu um imposto sobre rendimentos para financiar a Guerra Napoleónica, que agora é uma das fontes de receita mais importantes.
Depois de uma década de austeridade do governo britânico após a crise financeira, Deaton também recomendou contra cortes nos serviços sociais, alertando que os defensores da austeridade fiscal criaram um desastre ao reduzir fundos para saúde e educação.
Deaton lidera um painel de especialistas no Reino Unido que investiga como reduzir as desigualdades, onde os jovens e os com menor nível de educação ficam cada vez mais atrasados em relação aos ricos. O Instituto de Estudos Fiscais planeia publicar as conclusões da análise em 2023.
Deaton disse que a pandemia já agravou tendências nos EUA e no Reino Unido. Por um lado, a educação passou a ser uma variável mais determinante na vida das pessoas. Além disso, o desemprego é agora menos útil como indicador de saúde económica. Embora a recuperação das recessões causadas pela pandemia crie empregos, Deaton disse que cada vez mais pessoas vão ficar esquecidas.
"Em expansões económicas, aumenta sempre, mas nunca aumenta tanto quanto o pico anterior", disse Deaton.