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“Não se pode abrir a economia já, mas pode-se planear a sua abertura já”

Tem de se começar a dizer aos empresários e aos gestores como é que se trabalha em segurança, defende Peter Villax para quem é vital que existam máscaras sociais, que segundo João Correia das Neves, serão fabricadas em Portugal aos milhões por semana.

15 de Abril de 2020 às 13:30
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"Não podemos abrir a economia já, temos de começar a planear a abertura da economia já e isso é um discurso que está ausente das autoridades. Os portugueses têm acatado com extraordinária disciplina as medidas de confinamento, mas isto não pode continuar", referiu Peter Villax, presidente da Associação das Empresas Familiares, durante a web-conferência, "As PME em Portugal – Presente e Futuro, o Novo Normal", uma iniciativa do Jornal de Negócios e do Santander, que se realizou ontem. Por sua vez, João Garcia da Fonseca, CEO da Biosurfit, defendeu que "temos de mudar a lógica da quarentena cega", e que se devia ter um restart smart.

Para Peter Villax, há um sentimento de urgência e tem de se começar a dizer aos empresários e aos gestores como é que se trabalha em segurança, "como é que protegemos os trabalhadores, como é que reduzimos a densidade nos espaços laborais e fabris, como sentamos as pessoas nos refeitórios e nas cantinas para não se contaminarem uma às outras e como é que instituímos o uso universal e obrigatório de máscaras. A máscara é como um cinto de segurança, não é perfeito, mas todos os condutores usam cinto de segurança".

 

Saída europeia

"O processo de saída desta hibernação que não afeta só Portugal mas a Europa e o Mundo não pode ser individual em termos de economia, temos de conjugar o nosso processo de retoma com os de outros parceiros económicos. Cada um dos países está a pensar no processo de reabertura do conjunto das atividades económicas e da sua vida social e temos de conjugar estas aberturas", sublinhou João Correia Neves, secretário de Estado da Economia.

Acrescentou que não há "uma perceção clara da dimensão, profundidade e amplitude do ponto de vista temporal que a crise vai ter", e que é fundamental que a saída do confinamento e o regresso á vida normal tenha em conta os parceiros económicos". Deve-se ter presente que 45% do PIB depende das exportações, 80% das quais são para a União Europeia e para cinco grandes mercados, que também estão num processo de hibernação".

O que assusta Miguel Pina Martins, CEO da science4you é o anúncio de que as creches e as escolas só reabrem em Setembro. Diz que "enquanto as escolas não estiverem a funcionar é difícil que a economia volte a funcionar, porque quem tem filhos em idade escolar e é uma parte relevante, não vão produzir da mesma maneira".

 

Sociedade civil

O mais importante é a saúde mas "temos de fazer o equilíbrio porque a chave do sucesso para conseguirmos passar esta crise económica. Os próximos 4 a 6 meses vão ser um desafio muito grande porque vai uma quebra muito acentuada do PIB e vamos ter um problema em Portugal, tal como no Sul da Europa, que se baseava no turismo, que vai ser muito fraco este Verão".

 Se as receitas do turismo caírem 50 a 60% em 2020 será muito duro para o Sul da Europa porque se vai adensar a crise, ao contrário dos países do Norte da Europa, que vão conseguir recuperar mais depressa pois não dependem do turismo.

Peter Villax sublinhou que a mobilização e a energia da sociedade civil permitiu que hoje haja "em termos de ventiladores, o triplo daqueles que estão em utilização, em termos de viseiras há uma capacidade gigantesca de produção, quanto ao gel, a Hovione já forneceu gratuitamente 132 toneladas de gel alcoólico, que dá para lavar as mãos de 150 milhões de pessoas". Sublinhou que "as máscaras são a única coisa que ainda não está resolvida e é da maior urgência" para se poder proceder à abertura da economia.

 

Autonomia estratégica

João Correia das Neves reconhece que hoje as máscaras são um bem escasso, mas acredita que o decreto-lei n.º 14-E/2020 de 13 de abril, que estabelece um regime excecional e temporário para a conceção, o fabrico, a importação, a comercialização nacional e a utilização de dispositivos médicos para uso humano e de equipamentos de proteção individual, vai permitir que a indústria portuguesa possa produzir "uns milhões de máscaras reutilizáveis por semana". Acrescentando que uma das vantagens de Portugal e ter uma "capacidade industrial ociosa em função da crise que estamos a viver", e que pode ser aproveitada. Além disso, estes produtos são de venda livre.

Sublinhou que esta crise veio revelar que Portugal e a União Europeia não tinham autonomia estratégica em algumas dimensões, como a produção de máscaras, testes, vacinas, equipamento de proteção nacional. Por isso defende, "A emergência da política industrial que, em simultâneo, é feita a pensar no mercado global, mas tendo a consciência de que temos de acarinhar de uma forma distinta as capacidades internas de produção e valorização do conhecimento e usar os instrumentos da política pública para suportar a capacidade dessas propostas serem soluções globais mas também locais".

 "Estamos todos conscientes que vamos passar por momentos difíceis, vai ser um processo complicado de retoma da confiança dos consumidores para patamares da pré-pandemia", considerou Miguel Belo de Carvalho, administrador do Santander. Mas "as empresas portuguesas já deram provas, em vários momentos do passado, que temos o engenho e a capacidade para se superarem, nesse sentido aproveito para elogiar a capacidade de adaptação e resiliência das empresas portuguesas".

 

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