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Matemáticos definem linhas vermelhas e preveem desconfinamento no final de março

Portugal deverá poder desconfinar no final de março segundo o modelo hoje apresentado por Carlos Antunes. O que está a atrasar o país é o número de internamentos em UCI.

O elevado número de internados nos cuidados intensivos só deve permitir desconfinar no final de março Alexandre Azevedo
24 de Fevereiro de 2021 às 17:33
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O matemático do Instituto Superior Técnico, Carlos Antunes, adiantou esta quarta-feira numa reunião na Assembleia da República algumas das chamadas "linhas vermelhas" que, no seu entender, seriam as indicadas para controlar a pandemia. E são mais largas do que as de Marcelo.

A 11 de fevereiro, Marcelo Rebelo de Sousa apontava um limite de 2 mil novos casos diários que deveria ser atingido até à Páscoa (entretanto ultrapassado). Na mesma declaração, o Presidente apontava ainda um teto de 1.400 internados em enfermaria com Covid-19 e 200 em Unidades de Cuidados Intensivos (UCI). Hoje, o matemático apontou uma média de casos móvel a sete dias abaixo das 3 mil infeções (mais 50% do valor sugerido por Marcelo) e refere um máximo de 1.300 internados em enfermaria e 242 em UCI.

Para além destes parâmetros, Carlos Antunes sugere ainda limites para dois índices de importância máxima no controlo da pandemia, nomeadamente o R(t) que deve situar-se sempre abaixo 1,10 e uma percentagem de testes à Covid-19 positivos inferior a 7,5%.

Ainda assim, o consenso não é total entre os matemáticos no que diz respeito às metas apresentadas e Jorge Buescu, que também marcou presença na reunião, diz que o R(t) de 1,1 deve ser interpretado como "um sinal de alerta". "Quando o R(t) chega a 1,2 já o expoente é tão grande que é demasiado tarde para intervir" e "dali por 15 dias temos uma vaga da epidemia". Por isso mesmo, o matemático recomenda uma "monitorização diária" do indicador.

Carlos Antunes apresentou ainda um modelo de "análise de risco multi-critério" com recurso a 4 dos indicadores sugeridos. Dividindo o risco em quatro níveis diferentes (Risco Baixo, Médio, Elevado ou Muito Elevado), o matemático estabelece como limite mínimo para o risco Elevado os 2.250 casos diários, um R(t) de 1,05, uma percentagem de testes positivos de 5% e um teto de internados em UCI de 190 pacientes. Carlos Antunes sugere ainda que "a análise destes critérios pode ser feita do ponto de vista estatístico, de forma a que nos dê um único indicador" que permita ditar o confinamento ou desconfinamento numa escala de 1 a 5, em que os níveis 4 e 5 correspondem a um risco muito elevado.

"Considerando os indicadores atuais", Carlos Antunes espera que o nível indicado para desconfinar (o nível 2, ou Risco Médio), que fixa nos 1.500 casos diários, R(t) abaixo de 1, uma percentagem de testes positivos de 3,5% e um limite de 145 doentes internados em UCI "só deve ser atingido no final de março", muito por causa do elevado número de internamentos em UCI. Pelo contrário, quando o país tiver a situação pandémica controlada no nível 1, medidas de confinamento deve ser tomadas ao atingir os valores do nível de risco elevado. 

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