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Marcelo garante que comboios não são causa dos contágios na região de Lisboa

No final da décima e última reunião no Infarmed, o Presidente da República falou de um estudo que mostra que não é a utilização dos transportes ferroviários a causa dos contágios verificados na região de Lisboa e Vale do Tejo.

08 de Julho de 2020 às 13:10
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A coabitação e, em menor grau, a convivência social são os dois fatores que justificam o aumento de novos casos de covid-19 na região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT), explicou Marcelo Rebelo de Sousa assegurando que a utilização de transportes públicos, designadamente de transportes ferroviários (comboios), terá quando muito impacto reduzido. 

A garantia foi dada pelo Presidente da República no final da décima reunião, e última neste formato, segundo anunciou o próprio Marcelo, no Infarmed entre os representantes dos órgãos de soberania e especialistas em saúde pública. 

Marcelo referiu um estudo, que foi tratado durante o econtro, que "parece demonstrar que não há ligação entre o transporte ferroviário e o surto pandémico". Este estudo aponta a coabitação como "o fator mais importante em termos de explicação causal dos surtos surgidos, logo seguida da convivência social, que tem vindo a ganhar importância", advertiu acrescentando que não está aí o fator causal determinante ou decisivo da propagação".

Esta declaração do Presidente acaba por respaldar a posição do ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, que tem dado garantias de que a lotação dos comboios na região de Lisboa está abaixo de 50% da respetiva capacidade. 

O chefe de Estado confirmou que a região de LVT "mereceu atenção particular", havendo um novo estudo que indica que o R (taxa de transmissibilidade do vírus) nesta zona se situa em 0,7, valor inferior aos 0,8 registados ao nível nacional. 

"Foi dito [na reunião] que há uma estabilização, e uma tendência agora ligeira, de aparente descida [em LVT], porventura fruto das medidas tomadas, muito embora seja ainda cedo para fazer uma avaliação muito definitiva", detalhou Marcelo sinalizando que os contágios assumem especial incidência na população entre 20 e 40 anos de idade (sobretudo entre os 20 e os 30) e que mantém um importante "peso na população acima dos 75-80 anos".


As declarações de Marcelo na última reunião do Infarmed
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No final da décima e última reunião no Infarmed, o Presidente da República falou de um estudo que mostra que não é a utilização dos transportes ferroviários a causa dos contágios verificados na região de Lisboa e Vale do Tejo.

Marcelo iliba desconfinamento
O Presidente da República abordou ainda a análise comparativa feita aos processos de desconfinamento em curso nos diversos países, em "muitos casos" com ritmos mais céleres do que o verificado em Portugal. Para Marcelo, as diferentes estratégias nacionais e os indicadores que sejam escolhidos a cada momento podem levar a interpretações erróneas da situação nos vários países.

"Jogando com indicadores diferentes se terá resultados diferentes sobre a incidência da pandemia nos vários países", disse Marcelo lembrando que as autoridades nacionais optaram, por exemplo, por realizar um maior número de testes. 

Seja como for, detalhou dados que mostram como o número de internados (quer internamentos gerais, quer em cuidados intensivos) está "bem dentro da capacidade global do Serviço Nacional de Saúde" e elencou ainda números que indicam o reforço da capacidade de atuação do grupo regional de intervenção em LVT.

0,7R
O R da região de Lisboa e Vale do Tejo é inferior ao R de todo o país, que está em 0,8.
Aposta em modelo micro após críticas de Rio
A décima reunião no Infarmed foi também a última neste formato macro (análise nacional da pandemia), segundo adiantou o próprio Presidente em conferência de imprensa. Esta decisão do Governo, que mereceu concordância de Marcelo, surge depois das críticas partidárias à forma como se desenrolaram estes últimos encontros quinzenais, sobretudo o último. 

O mais duro foi mesmo o líder da oposição e presidente do PSD, Rui Rio, para quem estas reuniões começavam a ter "pouca utilidade". A justificação foi apresentada pelo Presidente quando assumiu que, com base numa análise país a país, situação a situação, se verificou que a orientação deve passar por "intervir de forma localizada e específica". 

"Do plano macro passou-se ao micro, e do micro terá de se passar, por vezes, ao muito micro", afirmou o Presidente dando como exemplo a região de LVT, que exige medidas específicas face ao resto do país: "Têm de ser mais medidas de pormenor, mais específicas".

Todavia, e apesar da aproximação de Marcelo e do primeiro-ministro, António Costa, à posição de Rio, Marcelo não deixou de elogiar a iniciativa do Governo, de quem partiu a ideia destes encontros entre políticos e especialistas em saúde.

"É possível dizer, desde já, como foi muito importante este conjunto de sessões epidemiológicas. Permitiu contacto aberto entre especialistas e decisores políticos", sustentou dizendo que foi um "modelo que cumpriu a sua missão" e que assegurou "transparência total" na análise e gestão do processo.

Concluindo que "valeu a pena fazer este exercício", Marcelo rematou dizendo ser este o momento de o "reajustar às novas circunstâncias como sejam a situação em LVT".

Mas se Marcelo e Costa parecem ter ajustado posições numa aproximação a Rui Rio, PCP, CDS, Iniciativa Liberal e Chega elogiaram o papel destes encontros no Infarmed e teceram duras críticas ao que consideram ter sido uma cedência ao presidente social-democrata. Já o Bloco de Esquerda limitou-se a destacar o papel das reuniões mantidas nos últimos meses.
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