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Líder dos frugais vai abrir os cordões à bolsa e investir 20 mil milhões na economia
A Holanda, conhecida pela defesa da rigidez nas contas públicas, vai afastar-se da austeridade e pôr em marcha um plano de investimento a cinco anos de 20 mil milhões de euros.
O governo holandês, que encabeça o grupo dos chamados países frugais, vai dar mais um passo atrás na via da austeridade e abrir os cordões à bolsa para reavivar a economia, fragilizada pela pandemia da covid-19.
Esta segunda-feira, o Executivo liderado por Mark Rutte anunciou que irá investir 20 mil milhões de euros em áreas como a educação, infraestruturas e investigação e desenvolvimento nos próximos cinco anos, para fortalecer a economia e melhor protegê-la de futuras recessões.
"É agora evidente que temos de investir para sair desta crise", disse o ministro da Economia, Eric Wiebes, num comunicado citado pela Reuters. "Precisamos de investir em inovação, nos empregos de amanhã e na transição para uma economia sustentável".
Segundo o ministro das Finanças, Wopke Hoekstra, o país pretende tirar partido dos juros ultra-baixos para financiar o seu plano de estímulos, cujos fundos serão alocados através de um fundo de investimento nacional.
Este plano irá acrescer à dívida pública da Holanda, que deverá subir para 60% do PIB no próximo ano, devido aos gastos adicionais com benefícios de desemprego e apoios às empresas na pandemia, um nível bem acima dos 49% do PIB alcançados no ano passado.
O governo permitirá, assim, um desvio nos seus esforços de melhoria das contas públicas, pelos quais tem sido criticado por instituições internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI), que defende que o país deveria investir mais em educação e infraestruturas para ajudar a estimular a economia não só dentro de portas, como em toda a Zona Euro.
Fervorosa defensora da retidão das finanças públicas, a Holanda foi dos países que mais obstáculos criou na conceção da resposta europeia à crise induzida pela covid-19.
Isto porque os países frugais – Holanda, Dinamarca, Suécia e Áustria – com a Holanda à cabeça, exigiam que as subvenções atribuídas aos Estados-membros ficassem abaixo dos 400 mil milhões de euros, um valor inferior aos 500 mil milhões de euros que constavam tanto no plano franco-alemão como na proposta da Comissão Europeia.
Para reforçar o controlo sobre a concessão de ajuda direta e satisfazer as exigências da Holanda, acabou por ser acordado um Fundo de Recuperação de 750 mil milhões, dos quais 390 mil milhões de euros em subvenções (transferências a fundo perdido) e os restantes 360 mil milhões em forma de empréstimo.