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Indicador da OCDE para a economia com maior queda de sempre em março

O indicador económico da OCDE registou, em março, a maior queda desde que há registos na maior parte das grandes economias mundiais, severamente afetadas pela pandemia do novo coronavírus, e o seu impacto imediato na produção, consumo e níveis de confiança.

Bloomberg
08 de Abril de 2020 às 11:49
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De acordo com os dados revelados esta quarta-feira, 8 de abril, o indicador para os países da OCDE desceu de 99,6 pontos em fevereiro, para 98,8 pontos em março, uma queda de 0,8% em termos mensais e de 0,67% face ao mesmo mês do ano passado.

Entre as maiores quebras face ao mês de fevereiro contam-se a Rússia, a Alemanha e o Reino Unido, onde as medidas de confinamento parecem estar a penalizar de forma mais agressiva a atividade económica. A OCDE contabiliza uma descida mensal deste indicador de 1,59% na Rússia, 1,93% na Alemanha e 1,84% no Reino Unido.

No conjunto da Zona Euro, a quebra é de 1,16% face a fevereiro (dos 99,4 para os 98,2 pontos) enquanto no Japão e Estados Unidos, aparentemente mais resilientes, a descida é de 0,49% e 0,59%, respetivamente.

Na informação divulgada, a OCDE destaca, porém, que será preciso alguma cautela na análise destes dados, especialmente nos próximos meses, sobretudo devido à incerteza sobre a duração das medidas de confinamento.

"Com a considerável incerteza em torno da duração das medidas de confinamento, a capacidade dos principais indicadores de prever movimentos futuros no ciclo económico foi severamente reduzida", alerta este organismo.

"Em segundo lugar, como sempre, a magnitude da quedado indicador não deve ser considerada como uma medida do grau de contração da atividade económica, mas antes como uma indicação da força do sinal de que as economias entraram numa fase de contração. Por comparação, o sinal é mais forte agora do que era na época da crise financeira", esclarece.

A OCDE diz ainda que os indicadores compósitos não são capazes de antecipar o fim da desaceleração, especialmente porque ainda não se sabe a duração e a severidade das medidas que já forma e ainda serão adotadas para controlar a pandemia. Ressalva, porém, que "quando a situação se resolver, mesmo com um confinamento mais prolongado, o indicador começará a recuperar a sua capacidade de prever", especialmente quando as empresas e consumidores começarem a adaptar-se às novas realidades e os governos começarem a dar sinais em torno de estratégias de longo prazo, além das medidas imediatas que tiveram de impor.

Março poderá ter marcado início da recessão global

Os números da OCDE juntam-se a uma série de indicadores revelados nos últimos dias que sugerem que março poderá ter sido a porta de entrada de uma profunda recessão global.

Na semana passada, a IHS Markit revelou que o seu indicador que mede a atividade dos serviços e da indústria registou, em março, na Zona Euro, a maior queda de sempre, apontando para uma contração anualizada da economia de 10%.

Nos Estados Unidos, o desempregou escalou para os 4,4% em março, enquanto as exportações nas duas primeiras semanas de março caíram para metade do nível do início do ano.

Na Alemanha, a maior economia europeia, a venda de carros em março caiu 38% em relação ao mês homólogo, enquanto no Reino Unido a quebra foi de 44%.

"Todo o sistema - todo o agregado de cadeias de fornecimento foi bastante afetado", afirmou Roberto Azevedo, diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), em entrevista à Bloomberg. "Em alguns aspetos, o cenário hoje parece mais sombrio do que após a crise de 2008-2009".

O responsável adianta que as estimativas mais recentes da organização projetam cenários com "quedas significativamente maiores" do que a quebra de 12,6% no comércio global e contração de 2% na economia mundial em 2009.

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