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Imunidade de recuperados de coronavírus ainda é incerta

Os novos casos de covid-19 começam a diminuir em algumas regiões dos Estados Unidos e alguns estados avaliam reverter as medidas de distanciamento social, mas a enorme incógnita permanece: quem está imune à doença e por quanto tempo?

18 de Abril de 2020 às 18:00
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Quando o sistema imunológico se depara com um vírus, começa a produzir anticorpos que podem reconhecer um vírus em particular e atacá-lo. É comum pensar que, quando uma pessoa contrai um vírus, a imunidade torna impossível que o mesmo cause uma nova infeção.

Mas a realidade é mais complicada. A imunidade é um espectro. Alguns vírus resultam em proteção ao longo da vida, como os que causam a varicela e o sarampo. No outro extremo desse espectro, o vírus da imunodeficiência humana, ou VIH, geralmente não fornece escudo protetor.

Quando se trata do SARS-CoV-2, o vírus que causa a covid-19, pouco se sabe ainda sobre a resposta imune do organismo a uma infeção, diz George Rutherford, responsável por doenças infecciosas e epidemiologia global da Universidade da Califórnia, em São Francisco. "Isso é algo que vai demorar um pouco para descobrirmos."

 

Compreender o nível de imunidade viral em pessoas que recuperam da covid-19 será essencial para a tomada de decisões sobre como e quando suspender as restrições de mobilidade. Testes que medem anticorpos para o vírus têm sido apontados como parte importante dos esforços para retomar a economia e permitir que as pessoas retornem ao trabalho. O estado de Nova Iorque aprovou um teste de anticorpos e planeia usá-lo de forma ampla. Anthony Fauci, o principal especialista em doenças infecciosas dos EUA, sugeriu um futuro em que "certificados de imunidade" seriam necessários para pessoas que retornam ao trabalho.

 

Mas todas essas ideias podem ser prematuras. Os investigadores primeiro precisam responder a duas perguntas-chave: por quanto tempo os anticorpos contra a SARS-CoV-2 permanecem no corpo e por quanto tempo impedem a reinfecção, se é que existem?

Rutherford diz que, idealmente, o SARS-CoV-2 será semelhante a vírus como o da rubéola, que causa sarampo e desencadeia imunidade por toda a vida. Nesse cenário, o vírus já não se propagaria, o que é conhecido como imunidade de rebanho ou de grupo.

"Esta é a esperança para a covid-19", defende Rutherford.

Mas, por enquanto, isso é tudo: uma esperança. A imunidade é uma questão particularmente complicada quando se trata da categoria coronavírus, uma classe de vírus que inclui SARS e MERS, bem como coronavírus sazonais que causam doenças como a constipação comum.


"Não há provas neste momento de que o desenvolvimento de uma resposta de anticorpos seja protetora", disse David Walt, professor de patologia da Faculdade de Medicina de Harvard e do Brigham and Women’s Hospital, em Boston. "Ainda não há evidências de que as pessoas não possam ser infetadas novamente com o vírus", concluiu.

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