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Desconfinamento em Espanha tem quatro etapas e prevê regresso à "nova normalidade" no final de junho
O chefe do executivo espanhol advertiu que o processo de transição que agora se inicia é o momento "mais perigoso e difícil" e que aquilo que se conseguiu na luta contra o novo coronavírus não deve ser posto em risco devido à "impaciência".
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou hoje que "no final de junho" espera que todo o país possa entrar numa fase de "nova normalidade" em que espera que a pandemia de covid-19 esteja controlada.
Na conferência de imprensa depois do Conselho de Ministros, em que foi aprovado o "Plano de Transição para uma Nova Normalidade", Sánchez explicou que haverá quatro etapas que vão durar cada uma delas cerca de duas semanas, pelo que todo o processo demorará um mínimo de seis semanas e um máximo de oito.
Será no final de junho, portanto, quando todo o país poderá entrar "na nova normalidade, se a evolução da pandemia for controlada em todos os territórios [regiões]", advertiu Sánchez.
O Governo espanhol definiu que o roteiro para o desmantelamento das medidas de confinamento vai ser "gradual, assimétrica, coordenada e adaptável" com quatro fases que começam agora e, se tudo correr bem, terminam em fins de junho.
"Na melhor das hipóteses, a fase de mitigação até a nova normalidade terá uma duração mínima de seis semanas" e "queremos que a duração máxima seja de oito semanas para todo o território espanhol", afirmou Sánchez, sem indicar datas precisas para as diferentes fases, cuja implementação dependerá da evolução da pandemia de covid-19.
O chefe do executivo espanhol advertiu que o processo de transição que agora se inicia é o momento "mais perigoso e difícil" e que aquilo que se conseguiu na luta contra o novo coronavírus não deve ser posto em risco devido à "impaciência".
"Se temos de escolher entre prudência e risco, escolhamos a prudência", disse Sánchez, que sublinhou que o comportamento individual é a chave para travar a pandemia e voltar ao normal: "Esse é sem dúvida o melhor patriotismo.
Pedro Sánchez explicou que já não é suficiente ficar fechado em casa, mas que a partir de agora é preciso respeitar "a todo o momento" as regras do distanciamento social, recuperando ao mesmo tempo "polegada a polegada" os espaços de mobilidade.
Por outro lado, o primeiro-ministro revelou que tenciona propor um novo prolongamento de 15 dias do estado de emergência que iniciou em 15 de março e está em vigor até 09 de maio.
Pedro Sánchez indicou que, em termos gerais, a abertura do ano letivo escolar "terá lugar em setembro", embora esteja a contemplar a abertura excecional de alguns centros de ensino de forma conciliar a vida familiar/profissional e atividades de reforço escolar.
O chefe do Governo explicou que a "fase zero" da transição já prevê a saída de menores à rua (desde domingo passado) e a saída de adultos para fazer desporto (a partir do próximo sábado), enquanto a partir de segunda-feira 04 de maio poderão começar a abrir as pequenas lojas, mas por marcação, tendo dado como exemplo os restaurantes que podem fornecer serviços de alimentação para consumo em casa.
A "fase um" permitirá o arranque parcial da atividade das pequenas empresas, mas em condições de segurança rigorosas e sempre com um calendário que dará preferência aos de mais idade e maior risco.
Nesta fase, os centros comerciais continuarão fechados, enquanto as esplanadas poderão abrir com uma limitação de capacidade de 40%.
Os alojamentos turísticos ou hotéis também podem abrir na primeira fase, mas não se poderão utilizar as áreas comuns e haverá muitas restrições.
A "fase dois" será a fase intermédia, em que os estabelecimentos terão de respeitar uma capacidade limitada a um terço da sua capacidade, enquanto na "fase três" a mobilidade geral será mais flexível, mas com a recomendação de se continuar a usar máscaras e manter uma distância mínima de segurança de dois metros.
A "fase quatro" será a de normalidade.
Espanha é dos países mais atingidos pela covid-19 que a nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, já provocou cerca de 212 mil mortos e infetou mais de três milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Face a uma diminuição de novos doentes em cuidados intensivos e de contágios, alguns países começaram, entretanto, a desenvolver planos de redução do confinamento e em alguns casos, como Dinamarca, Áustria, Espanha ou Alemanha, a aliviar algumas das medidas.
Os Estados Unidos são o país com mais mortos (56.253) e mais casos de infeção confirmados (cerca de um milhão).
Seguem-se Itália (27.359 mortos, mais de 201 mil casos), Espanha (23.822 mortos, perto de 211 mil casos), França (23.293 mortos, cerca de 166 mil casos) e Reino Unido (21.678 mortos, mais de 161 mil casos).