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Corrida pela vacina abranda após reveses das grandes farmacêuticas

Tanto a Johnson & Johnson como a Eli Lilly foram obrigadas a suspender testes, colocando em dúvida os calendários esperados para o surgimento de um tratamento eficaz para a covid-19.

14 de Outubro de 2020 às 12:56
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A corrida pelo desenvolvimento de um tratamento eficaz para o novo coronavírus abrandou o passo nos últimos dias, com algumas das gigantes farmacêuticas a sofrerem reveses nos testes clínicos.

Na terça-feira, a Eli Lilly & Co. anunciou a suspensão de um ensaio clínico do seu tratamento experimental com anticorpos contra a covid-19, por razões de segurança não especificadas, menos de 24 horas depois de a Johnson & Johnson ter suspendido os ensaios clínicos da sua vacina por um dos participantes ter ficado doente.

Estes desenvolvimentos aumentam o receio de que a procura por tratamentos e vacinas para travar a covid-19 esteja a ocorrer com demasiada rapidez, até devido à pressão dos Estados Unidos sobre reguladores e farmacêuticas, por causa das eleições presidenciais de 3 de novembro.

Na semana passada, o presidente Donald Trump elogiou os tratamentos com anticorpos como uma cura para a doença, de que está a ser vítima, e o seu governo fez muita pressão por uma aprovação rápida dos tratamentos e de uma vacina.

No entanto, as complicações ocorridas nos ensaios estão a acontecer num ambiente de intenso escrutínio, segundo executivos e observadores da indústria, e a natureza altamente pública da procura por vacinas e tratamentos está a ampliar os acontecimentos que em outros estudos seriam considerados rotineiros.

"Não me surpreende que estas pausas estejam a acontecer. Ficaria surpreendido se não acontecessem", afirmou Greg Poland, diretor do Vaccine Research Group da Mayo Clinic, citado pela Bloomberg.

A vacina da Johnson & Johnson foi considerada uma das pioneiras na corrida pelo tratamento para o coronavírus. A par de rivais da Pfizer Inc. e da parceira BioNTech, Moderna e AstraZeneca e Universidade de Oxford, a sua segurança e eficácia estão a ser estudadas num grande teste.

O diretor financeiro da J&J, Joseph Wolk, disse numa entrevista que a empresa não sabe se a pessoa que adoeceu recebeu a vacina ou um placebo. O responsável garantiu ainda que a J&J está a cumprir o seu calendário de desenvolvimento e pretende ser capaz de produzir mil milhões de doses por ano. "Todos estão ansiosos para obter uma vacina contra a pandemia, pelos motivos certos", disse Wolk, "mas ninguém está a poupar esforços ou a sugerir que haja uma pressão indevida para que isso aconteça".

Já o tratamento da Lilly faz parte de uma classe promissora de terapias conhecida como anticorpos monoclonais, que Anthony Fauci, chamou de ponte para uma vacina. Na semana passada, a empresa pediu à Food and Drug Administration (FDA) dos EUA para lhe conceder uma autorização de uso de emergência depois de estudos anteriores terem mostrado que o medicamento pode reduzir as hospitalizações.

 

O tratamento é semelhante ao que está a ser desenvolvido pela Regeneron Pharmaceuticals que foi dado a Trump depois de ter testado positivo para o coronavírus. O presidente dos Estados Unidos atribuiu a sua recuperação ao medicamento da Regeneron e prometeu torná-lo acessível a todos assim como o medicamento da farmacêutica Lilly, colocando estas terapias no centro das atenções.

Até ao momento, os EUA investiram quase 18 mil milhões de dólares na Operação Warp Speed, o programa concebido para acelerar o desenvolvimento de medicamentos e vacinas contra o vírus.

As empresas estão a trabalhar a um nível sem precedentes para desenvolver produtos complexos e inovadores para um vírus que matou mais de 215.000 americanos. Os casos estão a aumentar novamente nos EUA e na Europa, antes do que as autoridades de saúde pública consideram que pode ser um inverno perigoso com a covid-19 a circular sem controlo a par da gripe sazonal.

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