Notícia
Adiamento de exames pode afetar diagnóstico e tratamento do cancro
O presidente da Sociedade Europeia de Endoscopia Gastrointestinal admite que o adiamento num largo número de endoscopias e colonoscopias, em consequência da covid-19, poderá prejudicar o rastreio e a vigilância de alguns dos cancros mais frequentes na população portuguesa.
15 de Junho de 2020 às 09:17
Esta possibilidade é reconhecida por Mário Dinis-Ribeiro, que é também professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e investigador do CINTESIS, num artigo que assina na Nature Reviews -- Gastroenterology & Hepatology, a que a Lusa teve hoje acesso.
De acordo com o responsável, "a covid-19 está a afetar a endoscopia gastrointestinal, quer a nível do diagnóstico, quer da terapêutica, e irá continuar a afetar no futuro".
O responsável defende que "a solução é adaptar as práticas diárias, realizando uma triagem e uma estratificação do risco em todos os doentes que necessitam de endoscopia e até adiando os procedimentos considerados não urgentes".
O objetivo, segundo o especialista, é proteger os profissionais de saúde, que estão especialmente expostos à infeção, sobretudo perante a escassez de equipamentos de proteção individual (EPI), e os doentes, especialmente os de maior risco, como os que sofrem de doença cardíaca, doença pulmonar, cancro e os que têm o sistema imune comprometido.
"Os médicos devem pesar cuidadosamente, caso a caso, os benefícios da endoscopia e o risco de infeção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). Isso pode ter um impacto significativo nos cancros diagnosticados e tratados com endoscopia, como o cancro gástrico e o cancro colorretal", afirma Mário Dinis-Ribeiro.
Além dos doentes que viram as suas endoscopias e colonoscopias adiadas, existem muitos doentes que cancelaram os exames ou não compareceram por medo de serem infetados pelo novo coronavírus, assim como profissionais das unidades que foram alocados a outros serviços ou que estiveram em isolamento ou em quarentena por causa da covid-19.
Mário Dinis-Ribeiro admite que "a falta de rastreio destes cancros possa afetar milhões de pessoas em todo o mundo e que os efeitos a curto prazo são ainda desconhecidos".
"Um dos maiores receios é que muitos cancros deixem de ser detetados em fases iniciais, o que terá um impacto substancial no tratamento e na sobrevivência dos doentes", acrescenta.
Espera-se que os exames de diagnóstico e vigilância possam ser reagendados "o mais rapidamente possível". Contudo, acrescenta, "ainda há muitas questões em aberto, como, por exemplo, a da priorização de doentes para realização de endoscopia, enquanto a pandemia durar".
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde emitiu uma norma que sublinha o elevado risco destes procedimentos, devido à "proximidade com a via aérea, contacto com secreções contaminadas e geração de aerossóis", e recomenda medidas específicas a adotar por doentes e profissionais na reorganização destes serviços, de modo a diminuir o risco de transmissão do novo coronavírus e controlar a disseminação da covid-19.
Portugal contabiliza pelo menos 1.517 mortos associados à covid-19 em 36.690 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
A pandemia já provocou mais de 431 mil mortos e infetou mais de 7,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
De acordo com o responsável, "a covid-19 está a afetar a endoscopia gastrointestinal, quer a nível do diagnóstico, quer da terapêutica, e irá continuar a afetar no futuro".
O objetivo, segundo o especialista, é proteger os profissionais de saúde, que estão especialmente expostos à infeção, sobretudo perante a escassez de equipamentos de proteção individual (EPI), e os doentes, especialmente os de maior risco, como os que sofrem de doença cardíaca, doença pulmonar, cancro e os que têm o sistema imune comprometido.
"Os médicos devem pesar cuidadosamente, caso a caso, os benefícios da endoscopia e o risco de infeção pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2). Isso pode ter um impacto significativo nos cancros diagnosticados e tratados com endoscopia, como o cancro gástrico e o cancro colorretal", afirma Mário Dinis-Ribeiro.
Além dos doentes que viram as suas endoscopias e colonoscopias adiadas, existem muitos doentes que cancelaram os exames ou não compareceram por medo de serem infetados pelo novo coronavírus, assim como profissionais das unidades que foram alocados a outros serviços ou que estiveram em isolamento ou em quarentena por causa da covid-19.
Mário Dinis-Ribeiro admite que "a falta de rastreio destes cancros possa afetar milhões de pessoas em todo o mundo e que os efeitos a curto prazo são ainda desconhecidos".
"Um dos maiores receios é que muitos cancros deixem de ser detetados em fases iniciais, o que terá um impacto substancial no tratamento e na sobrevivência dos doentes", acrescenta.
Espera-se que os exames de diagnóstico e vigilância possam ser reagendados "o mais rapidamente possível". Contudo, acrescenta, "ainda há muitas questões em aberto, como, por exemplo, a da priorização de doentes para realização de endoscopia, enquanto a pandemia durar".
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde emitiu uma norma que sublinha o elevado risco destes procedimentos, devido à "proximidade com a via aérea, contacto com secreções contaminadas e geração de aerossóis", e recomenda medidas específicas a adotar por doentes e profissionais na reorganização destes serviços, de modo a diminuir o risco de transmissão do novo coronavírus e controlar a disseminação da covid-19.
Portugal contabiliza pelo menos 1.517 mortos associados à covid-19 em 36.690 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim da Direção-Geral da Saúde (DGS).
A pandemia já provocou mais de 431 mil mortos e infetou mais de 7,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.