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Vítor Bento: "As negociações são complicadas. Pode acabar por sair um Orçamento do Estado mau"

Recusando “contribuir para a complicação” que é a negociação do Orçamento do Estado para 2025 num contexto político difícil e que inclui um equilíbrio parlamentar dos mais frágeis de que se lembra, o presidente da Associação Portuguesa de Bancos está expectante para ver como o Governo vai conseguir quadrar as contas, enquanto aumenta a despesa e reduz impostos. Sobre o setor que representa, Vítor Bento insiste que o sistema financeiro nunca esteve tão saudável como agora. O Negócios inicia hoje o espaço Conversas na Redação, onde figuras de diversos setores debatem temas atuais. O Orçamento do Estado é o mote para a primeira série.
Hugo Neutel 17 de Setembro de 2024 às 08:30

O contexto político traz riscos não apenas para a aprovação do Orçamento do Estado para 2025 (OE) como também para o conteúdo do documento, mas não há motivo para dramas. Eis, de forma resumida, a posição e expectativa do presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) sobre o OE.


Em entrevista ao Negócios, o responsável sustenta que o equilíbrio parlamentar frágil dificulta as negociações, o que, no limite, pode levar a que não só a aprovação não seja linear como pode acontecer que "com toda a gente a querer um orçamento bom para o seu lado, o resultado das misturas pode resultar num orçamento mau". Vítor Bento sublinha que a constatação destes riscos não deve, no entanto, ser tomada com alarmismo. "Não há drama se o orçamento não for aprovado ou se não for aprovado à primeira", diz.


E com o IRC a ser um dos destaques do debate sobre o OE, Vítor Bento defende a medida proposta pelo Governo, que aponta para uma descida de dois pontos percentuais por ano. "É essa redução que poderá permitir, facilitar, estimular, incentivar a criação de grandes empresas", argumenta o economista, que confessa ter curiosidade para ver como é que o Governo vai "quadrar as contas" públicas, tendo em conta o previsto aumento da despesa do Estado.


Num momento em que a crise da habitação continua no topo da agenda política e económica, Vítor Bento confessa que não conhece estimativas para o efeito da garantia pública prometida pelo Executivo.


Sobre o setor que representa, o presidente da APB insiste, sem surpresa, na redução das contribuições extraordinárias sobre a banca, que já renderam mais de 3 mil milhões de euros ao Estado. O sistema financeiro, repete, está mais sólido do que nunca, sendo hoje assente numa "construção antissísmica".

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