O contexto político traz riscos não apenas para a aprovação do Orçamento do Estado para 2025 (OE) como também para o conteúdo do documento, mas não há motivo para dramas. Eis, de forma resumida, a posição e expectativa do presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB) sobre o OE.
Em entrevista ao Negócios, o responsável sustenta que o equilíbrio parlamentar frágil dificulta as negociações, o que, no limite, pode levar a que não só a aprovação não seja linear como pode acontecer que "com toda a gente a querer um orçamento bom para o seu lado, o resultado das misturas pode resultar num orçamento mau". Vítor Bento sublinha que a constatação destes riscos não deve, no entanto, ser tomada com alarmismo. "Não há drama se o orçamento não for aprovado ou se não for aprovado à primeira", diz.
E com o IRC a ser um dos destaques do debate sobre o OE, Vítor Bento defende a medida proposta pelo Governo, que aponta para uma descida de dois pontos percentuais por ano. "É essa redução que poderá permitir, facilitar, estimular, incentivar a criação de grandes empresas", argumenta o economista, que confessa ter curiosidade para ver como é que o Governo vai "quadrar as contas" públicas, tendo em conta o previsto aumento da despesa do Estado.
Num momento em que a crise da habitação continua no topo da agenda política e económica, Vítor Bento confessa que não conhece estimativas para o efeito da garantia pública prometida pelo Executivo.
Sobre o setor que representa, o presidente da APB insiste, sem surpresa, na redução das contribuições extraordinárias sobre a banca, que já renderam mais de 3 mil milhões de euros ao Estado. O sistema financeiro, repete, está mais sólido do que nunca, sendo hoje assente numa "construção antissísmica".