Notícia
PRR faz economia crescer 1,4% até 2024, diz Banco de Portugal
Banco de Portugal avaliou os impactos do Plano de Recuperação e Resiliência na economia portuguesa e conclui que até 2024, a 'bazuca' engorda o PIB em 1,4%. No médio e longo prazo, o impacto trava. Mas instituição liderada por Mário Centeno avisa que para isso é necessário executar o PRR como previsto. "A calendarização é ambiciosa e exigirá esforços significativos para a sua implementação atempada", alerta.
O Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) pode fazer, só por si, com que a economia portuguesa engorde 1,4% entre este ano e 2024, de acordo com uma avaliação do Banco de Portugal (BdP).
"Comparando com uma situação de ausência do NGEU, o PIB real em Portugal é cerca de 1,4% mais elevado, em média entre 2022 e 2024", lê-se numa análise sobre o impacto macroeconómico do PRR, que o banco central divulgou nesta quinta-feira, 9 de junho, na antevisão do Boletim Económico de junho.
Além disso, conclui o BdP, a taxa de crescimento anual do PIB "é, em média, 0,5 pontos percentuais superior" com os fundos de recuperação europeus do que sem eles.
Na análise, os economistas do BdP avaliam o impacto do NextGeneration EU na economia portuguesa, considerando os projetos financiados pelas subvenções do Mecanismo de Recuperação e Resiliência (MRR) e ao REACT-EU, bem como as reformas do PRR. De fora ficam os empréstimos disponibilizados através do MRR, dado que ainda é possível recorrer a estes fundos.
O banco central assume que o montante das subvenções será executado no período 2021-26 "como programado" e que os projetos financiados são adicionais aos planos de investimento público e privado previstos antes da criação deste instrumento.
Uma vez que as subvenções são canalizadas para a economia através de investimento público e privado, transferências para famílias e empresas e consumo público, o BdP afirma que "no curto prazo, estas subvenções conduzem a aumentos do investimento e do consumo, públicos e privados, que desencadeiam um aumento da procura interna, das importações e do emprego".
"As exportações também podem aumentar, dado tratar-se de um programa europeu, mas neste exercício não se considera o efeito indireto do aumento das trocas comerciais", concluem os economistas.
Impacto trava no médio e longo prazo
No entanto, o BdP admite que o impacto será menor no longo prazo. "Os resultados indicam que a dinâmica de curto prazo do PIB é superior à evolução a mais longo prazo", com acréscimos de 1,1% em 2026 e de 0,9% em 2030.
O banco central antecipa ainda que o produto potencial engorde 1% com o PRR, com os contributos de 0,5% do stock de capital, de 0,3% das horas trabalhadas e de 0,2% da produtividade total dos fatores (PTF).
"O aumento do produto potencial no longo prazo é acompanhado por uma resposta positiva no mercado de trabalho", explica o BdP.
No entanto, a instituição liderada por Mário Centeno alerta para vários riscos relacionados com a efetiva implementação do PRR. "É essencial que Portugal revele capacidade para absorver os recursos disponíveis", avisa o BdP.
"A calendarização prevista no PRR é ambiciosa e implica a rápida implementação de um elevado número de projetos numa janela temporal curta. A sub-execução registada em 2021 evidencia o otimismo sobre o arranque do processo, mas também a sua exigência e os riscos envolvidos", considera.
Por outro lado, as disrupções do lado da oferta e de pressões inflacionistas nos mercados das matérias-primas "acresce aos desafios" de execução de projetos de investimento no curto prazo. Também no que se refere às reformas, "a calendarização é ambiciosa e exigirá esforços significativos para a sua implementação atempada", sublinha.
(Notícia atualizada com mais informação)