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Montepio revê em baixa crescimento da economia portuguesa
O Montepio antecipa um crescimento de 1,7% para a economia portuguesa em 2016, abaixo dos 2% anteriormente estimados. O avanço deverá ser alavancado pela procura interna, com o banco a estimar um aumento do consumo privado na ordem dos 2%.
O Departamento de Estudos do Montepio reviu em baixa a sua previsão de crescimento anual da economia portuguesa este ano de 2% para 1,7%. Em causa está o decepcionante crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) no último trimestre de 2015 e a pressão imposta pelo contexto internacional.
Num relatório publicado esta segunda-feira, o Departamento de Estudos do banco justifica a decisão de rever em baixa as previsões de crescimento para a economia em 2016 devido ao facto de os dados do PIB ficarem "aquém do esperado no final de 2015, mas também [por] um enquadramento internacional menos favorável e uma maior pressão dos mercados financeiros sobre a dívida portuguesa".
O PIB teve uma taxa de variação em cadeira de 0,2% no quarto trimestre de 2015, um resultado que ficou "aquém" do perspectivado pelo Montepio, assim como de instituições consultadas pela Bloomberg, sendo que ambos antecipavam um crescimento na ordem dos 0,4%. Em termos homólogos, o PIB avançou 1,2% no quarto trimestre de 2015. Os dados foram divulgados a 12 de Fevereiro pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Assim, o banco reviu em baixa as "previsões de crescimento do PIB para 2016, de 2% para 1,7%", num movimento antecipado aquando a saída dos dados referentes ao terceiro trimestre de 2015 e "que tinham dado conta de uma inesperada estagnação da economia".
Explica o Montepio que a revisão do crescimento para 1,7% "acaba por ficar a meio caminho entre os 1,6% previstos pela Comissão Europeia e os 1,8% constantes da proposta de Orçamento do Estado para 2016 recentemente apresentada".
Estes valores continuam a "representar uma nova aceleração da actividade económica em Portugal (+1,5% em 2015), contabilizando o terceiro ano consecutivo de crescimento após a saída do país da recessão e ao maior ritmo desde 2010 (+1,9%)", pode ler-se no documento.
O banco antecipa que a economia seja suportada "apenas pela procura interna", prevendo um aumento do consumo privado na ordem dos 2%. O investimento em capital fixo deverá crescer na ordem dos 3% a 4%, menos do que o registado no ano passado (+4,5%). As exportações líquidas deverão ter um contributo "nulo", tal como a variação de existências e o consumo publico, refere o relatório.
Este estudo identifica como "riscos ascendentes" para a economia portuguesa "o baixo preço do petróleo, o euro mais fraco e as movas medidas do Banco Central Europeu".
Os "riscos descendentes" a nível interno prendem-se com "a instabilidade política, a que acresce ainda a difícil situação do mercado de trabalho, do sistema financeiro, os objectivos de consolidação adicional das finanças públicas e a crescente pressão sobre as yield [juros] dívida portuguesa".
A nível externo, "os riscos estão relacionados com a incerteza geopolítica do Médio Oriente, no Leste da Europa, em relação à Grécia e devido aos abrandamentos de diversos mercados emergentes, como a China, Angola ou Brasil".
A jogar a favor de Portugal está a possibilidade de "que a actividade na Zona Euro possa acelerar" e que, internamente, "os maiores receios em torno da situação do sistema financeiro português já se tenham dissipado".