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"Março anormalmente chuvoso" penaliza economia portuguesa no trimestre

A economia portuguesa terá abrandado no primeiro trimestre deste ano, em linha com a tendência europeia e penalizada pelo efeito do "Março anormalmente chuvoso" investimento.

03 de Maio de 2018 às 15:32
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A economia portuguesa terá crescido entre 2% e 2,3% no primeiro trimestre deste ano, face ao mesmo período do ano passado, o que representa um abrandamento face ao registado em 2017.

 

A estimativa é do Fórum para a Competitividade, que explica a evolução com o "ambiente externo de ligeiro abrandamento da actividade" na Europa. "Não surpreende que a economia portuguesa exiba um comportamento semelhante, com sinais que apontam nesse sentido, não só do lado do comércio externo, mas também de outros indicadores", refere a Nota de Conjuntura do Fórum, divulgada esta quinta-feira.

 

O Eurostat revelou esta quarta-feira que o PIB da Zona Euro cresceu 0,4% face aos três meses anteriores, o que representa o ritmo de crescimento mais fraco desde o terceiro trimestre de 2016. Na comparação homóloga o PIB da Zona Euro cresceu 2,5%.

 

Além da conjuntura externa, a economia portuguesa também terá sido penalizada pela evolução do investimento, que "terá sido prejudicado, no importante segmento da construção, por um mês de Março anormalmente chuvoso.

 

Março último foi o segundo mais chuvoso desde que há registo, o ano de 1931 (o primeiro mais chuvoso tinha sido o de 2001) e em algumas estações foi mesmo o mais chuvoso desta série. A precipitação em Março foi de quatro vezes o que seria normal, afastando os receios de uma seca prolongada, como se chegou a temer em Fevereiro, quando, a 15 desse mês, uma parcela do território estava já em seca extrema, com destaque para o interior norte, de Trás-os-Montes e a zona de Beja, no Baixo Alentejo.

 
O presidente do BCE, Mario Draghi, também citou a 
meteorologia para justificar o abrandamento da economia europeia no primeiro trimestre. 

 

Apesar deste crescimento mais fraco no primeiro trimestre, o Fórum para a Competitividade estima uma "melhoria ligeira" no resto do ano. O crescimento do PIB deverá avançar "para um valor entre 2,2% e 2,5% para o conjunto do ano, beneficiando de uma conjuntura externa que se espera que se mantenha genericamente favorável".

 

Portugal com segundo pior desempenho da UE até 2023

 

Na nota de conjuntura, o Fórum para a Competitividade analisa as projecções divulgadas pelo FMI para a economia mundial, destacando que Portugal piora na comparação com os países da União Europeia.

 

"Entre 2000 e 2017, como temos vindo a insistir, Portugal teve o 3º pior desempenho económico da UE, atrás da Itália e da Grécia. De acordo com as últimas previsões do FMI, entre 2018 e 2023, o nosso país ocupará a segunda pior posição, já que a Grécia conseguirá finalmente recuperar", escreve o Fórum.



De acordo com os cálculos apresentados, que têm por base as estimativas do FMI, a economia portuguesa vai registar um crescimento acumulado inferior a 10% entre 2018 e 2023. Só a Itália fará pior e Portugal surge com um desempenho semelhante ao Reino Unido, Bélgica e Finlândia.

 

"Ao contrário de Espanha e da generalidade dos países menos prósperos, Portugal cresceu abaixo da média entre 2000 e 2017 e deverá continuar a divergir nos próximos anos", conclui o Fórum.

 

Quanto às estimativas que o Governo inscreveu no Programa de Estabilidade (crescimento de 2,3% no PIB deste ano), o Fórum diz que "não é muito optimista" e representa "uma previsão razoável". Mas o documento "tem um problema importante, com implicações graves ", pois o "optimismo vai crescendo à medida que avança no tempo, desviando-se cada vez mais das restantes instituições".

 

"Mas o problema mais importante consiste em o governo não reconhecer que uma parte significativa do actual crescimento resulta de um efeito conjuntural, de eliminação do desemprego excessivo, que está prestes a chegar ao fim. Quando se atingir esse ponto, a economia fica limitada ao crescimento do PIB potencial, que é muito baixo. As implicações deste não reconhecimento são a ausência de reformas estruturais que permitam aumentar o PIB potencial", refere.


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