Os incumprimentos relativos aos empréstimos contraídos com cartão de crédito nos Estados Unidos alcançaram o valor mais elevado desde o estalar da crise financeira de 2008, o que sinaliza que a saúde financeira dos consumidores com baixos rendimentos está a piorar depois de anos de elevada inflação.

Os credores de cartões de crédito "abateram" 46 mil milhões de dólares nos saldos de empréstimos em grave incumprimento, um aumento de 50% face ao mesmo período do ano anterior e o nível mais elevado em 14 anos, segundo dados do setor compilados pelo BankRegData, citados esta segunda-feira pelo Financial Times. Essas amortizações, que ocorrem quando as entidades financeiras decidem que é pouco provável que um mutuário pague as suas dívidas, constituem um barómetro, seguido de perto, de dificuldades significativas ao nível do crédito.

"As famílias com rendimentos elevados estão bem, mas a dos consumidores com baixos dos EUA estão esgotadas", afirmou Mark Zandi, diretor da Moody’s Analytics, alertando que a sua "taxa de poupança é agora zero".

O significativo aumento dos incumprimentos é um sinal de como as finanças pessoais dos consumidores estão a ficar cada vez mais pesadas depois de anos de elevada inflação e de a Reserva Federal dos EUA ter deixado os custos dos empréstimos em níveis elevados, assinala o jornal financeiro.

Os bancos ainda vão apresentar números do quarto trimestre, mas os indícios apontam que há mais consumidores significativamente atrasados no pagamento do que devem. A Capital One, o terceiro maior credor de cartões de crédito dos EUA, a seguir ao JPMorgan Chase e ao Citigroup, indicou recentemente que, até novembro, a sua taxa anualizada de amortização de cartões de crédito - a percentagem dos seus empréstimos globais que estão assinalados como irrecuperáveis - atingiu os 6,1%, ficando acima dos 5,2% de há um ano.