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Fórum para a Competitividade diz que economia ainda não recuperou tendência pré-covid

Associação estima que apesar do bom desempenho, o PIB ainda está cerca de 7 mil milhões “abaixo do que seria se não tivesse havido pandemia”. E espera um abrandamento da economia no segundo trimestre.

Fundos europeus provenientes da Política de Coesão ajudaram a criar “perto de 45 mil empregos” com o PT2020, apesar do abalo da pandemia.
Ricardo Jr.
04 de Junho de 2024 às 16:39
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A atividade económica portuguesa ainda está abaixo do que seria de esperar caso não tivesse havido pandemia em 2020 que atirou o PIB para a pior recessão da era democrática em Portugal, de acordo com os cálculos do Fórum para a Competitividade, na nota de conjuntura divulgada esta terça-feira, 4 de junho.

A tendência de evolução média do PIB é de 2%, próxima do que o Conselho das Finanças Públicas (CFP) utiliza, explica o economista Pedro Braz Teixeira, autor da nota. "Entre 2016 e 2019, a média de crescimento foi 2,8%, mas não podemos usar este valor para estimar a tendência de médio prazo, porque a economia ainda estava a recuperar da crise anterior. Usámos uma tendência de 2%, próximo da que o Conselho de Finanças Públicas usa".

Partindo deste pressuposto, no primeiro trimestre deste ano, "o PIB ainda está 2,4% (6,7 mil milhões de euros) abaixo do que seria se não tivesse havido pandemia, pelo que ainda não recuperámos completamente desta perturbação", lê-se na nota.


O economista Pedro Braz Teixeira lembra que se usarmos o critério de comparar com o final de 2019 – ano imediatamente anterior à pandemia – e que é o mais habitual, Portugal já atingiu o nível do PIB desse período no primeiro trimestre de 2022. Este é, segundo o autor, um "critério menos exigente" para avaliar a recuperação do PIB. Assim, utiliza um critério alternativo e neste, o país ainda está longe da tendência pré-pandémica.

Braz Teixeira reconhece que "na União Europeia também não houve esta recuperação, mas o que isto significa é que o referencial que estamos a considerar para falar de convergência é muito pobre, pelo que crescer umas décimas acima da média comunitária é muito insatisfatório."

Para o economista, "temos ainda um grande trabalho pela frente", referindo que "precisamos de mais investimento, de recuperar a queda de 10% no capital por trabalhador desde 2015." Para o autor, "necessitamos de mais formação dos trabalhadores e não podemos continuar com esta sangria de emigrantes qualificados e receber imigrantes com qualificações muito baixas", apontando a necessidade de "reformas estruturais nas mais variadas áreas" e de que seria "muito negativo que o ímpeto reformista do novo governo fosse interrompido antes de poder mostrar resultados."

Segundo trimestre com abrandamento

Depois do abrandamento registado no arranque do ano, o Fórum para a Competitividade espera que este perfil se mantenha para os meses entre abril e junho, indicando o ambiente político de grande incerteza que se deverá prolongar na segunda metade do ano. No primeiro trimestre deste ano, o PIB avançou 0,8% em cadeia e 1,5% comparando com o mesmo período do ano passado.

"O indicador diário de atividade, calculado pelo Banco de Portugal, apresentou valores elevados ao longo do 1º trimestre de 2024, mas abrandou um pouco em abril e maio, tal como se verificou com o clima económico. Ou seja, reforça-se a ideia de algum abrandamento da economia no 2.º trimestre, embora não muito significativo."

"As eleições europeias deverão ter uma leitura nacional, podendo contribuir para alguma acalmia, se a AD as ganhar, ou acentuar os riscos políticos e económicos, se as perder", lê-se na nota. "Uma das consequências mais importantes será o orçamento para 2025, cuja aprovação permanece envolta numa incerteza muito elevada", sublinha o Fórum para a Competitividade, concluindo que "este ambiente político não é favorável ao crescimento económico, por duas vias: por impedir a aprovação de reformas que aumentem o potencial de crescimento da economia portuguesa; por retrair os agentes económicos."

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